"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O Trovão de três letras
Chovia
durante todo o dia
e, como tudo apontava,
durante toda a noite
choveria
e choveu...
Chovia,
mas não me importava,
não mais,
não a noite...
Chovia
mas mesmo assim estava eu ali
sentado
na mesma janela
de todas as noites...
mesmo naquela
de chuva...
não me importava
pois já estava molhado
durante todo dia,
pois chovia
durante todo o dia...
E ainda chovia
na noite escura
de minha janela
E eu ainda estava molhado
e ainda estava sendo molhado
eternamente
pelas lágrimas de Iansã
que se misturavam às minhas,
que escorreram
escondidas em banheiros e travesseiros
molhados
durante todo o dia
e continuavam na noite
da janela de chuva.
Contemplava e ouvia
sentado
o silencio dos trovões
da Senhora das nuvens de chumbo,
quando
de repente
um novo trovão,
rompeu em meio a silenciosa escuridão
das luzes metropolitanas
nas noites de chuva
inédito e imprevisto,
humano e vivo,
não vinha da chuva
e sim de todos os cantos
onde homens viviam
suas vidas gratuitas e sem sentido,
assim como a minha,
mas por um segundo
acreditaram ver e gritar
naquele trovão de três letras
um novo sol surgir
na noite de chuva.
Gol!
Mas tão de repente quanto
surgiu
sumiu, e
assim como todos os
trovões
no segundo seguinte foi
novamente
engolido pelo silêncio
escuro
das noites de chuva...
E eu continuei ali
sentado na janela
observando as silenciosas melodias
dos trovões de Iansã,
durante toda a noite.
6 de Novembro de 2013
Morro do Estado, Niterói
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