quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Aos loucos deste mundo, sóbrio demais.

Quero escrever aos angustiados,
aos insaciáveis, aos incorformados,
aos indignados, aos “porras-lokas”
aos “pipas-avoadas” e aos solitários...

Quero escrever aos que chegaram atrasados pra festa
e só pegaram as migalhas...
E aos que estavam na festa, comeram, passaram mal, e não desistiram...
querendo transformar as migalhas num bolo melhor...

A todos os malucos belezas e às metamorfoses ambulantes
A todos os nowhere mans and womans
A todos os que se sentem like a rolling stone
A todos os blueseros da piedade,
A todos os mais novos baianos,
E a todos que tem medo de cálices...


A qualquer um que não entenda qual a graça de ser feliz,
em meio a tanto sofrimento,
E aos que não entendem o que é ser feliz como os outros.

Aos que não seguem padrões,
aos que não assistem a novela das 9,
aos que não julgam a vida do outro como esporte,
aos que brigam contra seus próprios preconceitos
e aos demais.

Aos que questionam.
Aos que podem voar.
Aos que fogem,
e aos que lutam...
Aos que sonham.

Aos que não entendem
porque a miséria é natural
e a felicidade é proibida.

Quero escrever a toda essa banda podre da sociedade,
assim taxada por ser gentil e solidária,
por sonhar.

A todos vocês
escrevo para avisar:
Não estão sozinhos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Versos de Grajaú

I.
Ele caminha lentamente
pelas ruas de sua infância...

Algumas coisas mudaram
Mas o bairro, mesmo assim, parece ter parado no tempo.

A violência aumentou, a padaria virou restaurante.
Porém o ar confortável e calmo continua o mesmo.

As árvores velhas de sua mocidade
continuam centenárias, mas não envelheceram nada
desde sua ultima caminhada.

As casas pequenas e detalhadas,
de arquitetura colonial e donas simpáticas,
estão um pouco mais amareladas,
assim como suas respectivas velhinhas,
porém continuam lindos castelos aos seus olhos.

O silencio das bicicletas
continua a soar com o vento fresco
sendo atrapalhado raramente por um carro
ou um cachorro.

Tudo parece igual.

Mas algo mudou.

O observador mudou.

O antigo menino alegre e saltitante
é reconhecido pelo sorriso das senhoras
que cumprimentam o rapaz triste e sozinho,
escrevendo algo num caderno,
fumando como o pai,
enquanto toma uma cerveja na calçada da antiga padaria.



II.

Banhado na fumaça
vagava nas lembranças...

Lembrava de como tudo era anos antes...
Antes dela, antes deles,
Antes da vergonha que já fora orgulho,
Antes do orgulho que já foi mistério,
Antes das idéias, antes das dúvidas, antes dos ideais...
Antes das lágrimas e das perdas...

Antigamente...

Quando tinha medo da chuva
e adorava cachorros,
Quando sua maior preocupação era qual revistinha comprar
ou qual balanço brincar.
Quando chorava ao ver um pombo atropelado
e ia a feira com a avó.
Quando sabia correr,
Quando sabia ser gentil,
Quando não tinha vergonhas
Quando não sabia o que era amar,
quando sabia sorrir.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sobre a viuvez esquecida.

Sou um viuvo?
Não! Os viúvos também sofrem,
mas endurecem
e se escondem.

Sou uma viúva,
que anda pela rua de mãos dadas com seu luto,
tristeza e saudade.

Sou uma viúva de amor suicidado.
A pessoa amada ainda vive,
mas não é mais a mesma.

O suor de prazer secou,
O calor do amor apagou
A voz ainda é melodiosa, mas é seca e fria.

O sorriso ainda é lindo,
mas não olha mais pra mim.
Sinto saudades de alguém que não existe mais,
Mas está vivo e feliz.

Sinto saudades de alguém que,
por minha causa,
não sente saudades de mim.
Sinto saudades do amor que morreu,
não suicidado,
mas assassinado,
por mim.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode nem ao menos visitar o túmulo do amor
pois suas cinzas foram jogadas ao mar.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode velar o corpo amado,
pois este está vivo,
e vive com ódio e raiva de mim.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que sobrevive nas lembranças esquecidas,
que vive no esquecimento alheio e na saudade infantil,
na tristeza egoísta e no desejo carinhoso,
na carência precipitada e na perca não planejada,
na culpa intolerável e nas lágrimas inesgotáveis.


Sou uma viúva sozinha e triste,
que tenta, inutilmente,
lembrar de ser viúvo e não esquecer as conveniências.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Fuga, procura e espera.

Ando na chuva pra disfarçar minhas lágrimas...

Me escondo na profundidade literária,
em labirintos ideológicos,
tentando fugir do vazio de meu peito..
Inútil.

Te procuro em cada olhar,
Em cada coxa,
Em cada movimento,
Em cada toque de celular,
mas nunca acho.

Só acho-te nas minhas lembranças e lágrimas,
no vazio sem fim de meu peito,
na desistência esperançosa
e nas minhas ultimas esperanças,
que já desistiram de esperar...

sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal.

Estou sentado na cama, quase completamente sozinho,
Uma taça de vinho e as vozes melódicas são minhas única companhia...
Estou realmente muito sozinho.

Por entre as frestas da perciana
os raios quentes do sol de verão invadem meu quarto
e secam minhas lágrimas.

Tenho em minhas mãos alguma coisa...
Um livro, tento-o ler...
Meus olhos acompanham as linhas do texto,
mas meu cérebro está inerte, se recusa a assimilar as palavras do autor.

Meu cérebro está inundado...
Imerso em palavras dolorozas,
lembranças espinhosas
e lágrimas contidas.

Mais um gole e o vinho acabará,
as esperanças já se acabaram nas ondas da manhã.



Feliz Natal!

Durmo

Durmo.

Mas não sinto sono nem cansaço.
Durmo para esquecer,
Durmo para lembrar...

Durmo para sonhar
que ainda estou ao seu lado
correndo num gramado de margaridas
rosas, cravos e girassóis...

Corremos por correr, sem pressa nem destino,
até cansarmos e cairmos,
enrolados entre nós e as flores
e eu mais uma vez dizer e ouvir:
Eu amo você.




Acordo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Necessidades(relembrando)

Duas pipas encontram-se no céu
e crianças correm pela rua...

De algum alto falante saem palavras,
em uma língua estranha,
vindas do passado...
Palavras que meio século
não enterraram em esquecimento...
nem mesmo as fizeram mentiras...
palavras reais e atuais
de mais de 50 anos atrás...

O mundo perde o fôlego...
A sociedade precisa de revoluções:
Cultural, ambiental, social...
As pessoas precisam de uma guerra
contra seus preconceitos e seu egoísmo...
Os povos precisam de paz.

Enquanto tudo e nada acontece lá fora,
eu estou deitado na cama
e a única coisa que preciso no momento
é do seu sorriso ao meu lado.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

quelle est la vie?

Como dizer o que não posso dizer?
Como ser quem não tenho certeza do que sou?
Como agir sem saber o que está fazendo?
Como ser feliz com medo de magoá-los?
Como ser triste sem querer?
Viver não é angustia,
Viver não é sorriso,
Viver não é melancolia,
Viver não é carinho...

Viver é duvida(r).

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu e Clarice, Clarice e nós.

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."


E enquanto eu ainda sou eu ou ainda entendo este eu como o que digo ser eu, uso essas palavras de outra para explicar a mim. Por enquanto sou assim.

Obrigado Clarice.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cega Multidão

A multidão segue caminhando
-inerte, alienada, inacabável, irracionalizada-
sem ao menos perceber,
que ele tenta correr,
no sentido contrário.

Cotoveladas, Ombradas,
Porradas, desanimadas...
E mais ombradas...

Ele resiste,
sozinho.

De vez em quando aparecem outros
tentando seguir a direção contrária,
mas a multidão é tão densa e unificada
que os “do contra” só conseguem olhar para frente...
e ao não olhar para os lados,
não vêem que são iguais
e não conseguem dar as mãos...

Por não se darem as mãos,
acabam todos sendo pisoteados
e –mais cedo ou mais tarde-
ele também será...
Mas por enquanto ele continua tentando
correr, na direção contrária
dos passos calmos dos cegos...

Ele segue solitário,
em meio a multidão
de cotoveladas e ombradas,
carregando nas costas
o imenso peso de uma juventude sem sonhos,
adultos e velhos cansados
e um futuro abortado e pisoteado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Chuva não mais triste.

Uma chuva rala cai sobre ele.
Atrás do cigarro ele esconde um sorriso,
tentando manter o ar melancólico,
digno de seu oficio...

Por dentro da capa preta
tudo são cores,
tudo são flores...
Está feliz como a muito tempo não estivera...

Está feliz como talvez nunca estivera...
e todos os anseios e angustias,
que antes o incomodavam,
deram lugar a uma única vontade:
tudo que ele quer é que a chuva aumente
pra ele poder cantar e dançar.

sábado, 26 de novembro de 2011

Ao som de Caetano lembro do antigo e eterno amor,
Penso na nova paixão ao ouvir a voz de Chico,
Mas são os quatro garotos de Liverpool que me fazem imaginar,
o futuro onde os dois amores serão um só...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tédio.

Dedico esta canção ao tédio.

O Tédio está em tudo,
Procurando sempre não estar em nada.

O Tédio do vigilante,
que dorme para não ver os horrores do mundo.
O Tédio do Amor,
de dois amantes que sofrem
sem poder viver sem o amor que os protege do maior sofrimento,
a Solidão.
O Tédio do Solitário,
com os dias sempre iguais,
vagando entre as ruas procurando distrações rápidas e vazias.
O Tédio do Sexo,
da prostituta que já viu de tudo
e de tanto não quer mais nada..

O Tédio está em tudo,
Procurando sempre não estar em nada.

O Tédio da diversão,
o tédio dos sorrisos alheios
que me enchem de tédio, inveja e pena.
O Tédio do palhaço, que faz os outros rirem sem ter quem o faça rir.

O Tédio está em tudo,
Procurando sempre não estar em nada.
não ser nada.

Na verdade o Tédio não é nada.
O Tédio não existe,
O Tédio sou eu.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Álvaro de Campos, eu e o menino sem lua.

Chove muito, chove excessivamente
Morros desabam e são reprimidos,
Governos são eleitos para reprimirem mais...
Chove e de vez em quando faz um vento frio
Um menino deitado em sua cama de papelão
se protege do frio com as noticias de ontem...
Chora de medo, tem medo da chuva...
Na verdade o medo é do escuro...
Mas sempre que chove São Pedro apaga seu abajur com as nuvens.
Estou triste, muito triste, como se eu fosse o dia...
O menino que tem medo do escuro das noites de chuva está sempre triste,
mas não pode mais chorar...
Só chora nas noites de chuva,
roubando as lágrimas do céu sem luz do luar...


Num dia do meu futuro em que chova assim também
E eu, à janela, de repente me lembre do dia de hoje,
Pensarei eu "ah, nesse tempo eu era feliz"
Ou pensarei "ah, que tempo triste foi aquele!"

O menino não lembrará desta noite,
mas saberá que a noite foi triste, mesmo sem se lembrar...
Todas as noites são tristes,
mas as de chuva são mais...
Ah, meu Deus, eu que pensarei deste dia nesse dia
E o que serei, e que farei; o que me será o passado que é hoje só presente?...

Ah, meu Deus, será que ainda acreditarei em ti?
As vezes é difícil...
Mas até o menino acredita,
se ele acredita, porque eu não acreditaria?
Talvez seja mais fácil acreditar...


O ar está mais desagasalhado, mais frio, mais triste
O menino continua agasalhado com suas noticias - de ontem -
E continua a chorar, com medo do escuro...
E há uma grande dúvida de chumbo no meu coração...

Muitas dúvidas...

domingo, 6 de novembro de 2011

Sinopse

Se minha vida fosse um filme
seria gravada em preto e branco.

Não o preto e branco dos antigos,
mas o de autores contemporâneos
que sentem que chegaram atrasados pra festas,
melancólicos, depressivos
e eternamente insatisfeitos...

Mas nesse filme haveria, também, cenas coloridas,
com filmagem caseira,
e repletas de sorrisos.
Nessas cenas, entretanto,
mudar-se-ia o protagonista...

Essas cenas seriam os momentos com você.

sábado, 5 de novembro de 2011

Trilogia do Retorno

I.
Ele havia parado de escrever.
Ele havia parado de escrever sobre a vida.
Sobre a sua e sobre a deles...

Havia largado o papel e a caneta
e havia ido viver,
não mais escrever,
a Vida.

Mas a vida lá fora era chata...
Recheada de emoções...
Mas sempre as mesmas emoções,

emoções rotineiras,
rotina emocional...

Percebeu então,
que as emoções precisavam se sentir e se reconhecer enquanto emoções...

A emoção só atinge a consciência emocional acompanhada de caneta e papel.


II.

Abriu a janela,
o sol explodia em seu cérebro...
Após tanto tempo elas estavam de volta...
ele já celebrara funerais...

O sol morreu.
Os malandros saíram à rua (de Honda Civic e com segurança particular).
Mas a chuva continua em sua cabeça...

Sentado em algum canto,
com o caderno no colo,
cigarro escorregando entre os dentes,
caneta na mão...
Escrevia sem parar...
Algumas coisas interessantes, muita coisa ruim...

Foda-se!

Não importa mais se eles vão gostar,
o importante é saber que elas voltaram a interromper seu sono.


III.

Voltaram as olheiras,
Voltaram os banhos corridos –para não esquecer- e o quarto molhado...
“Garçom, uma caneta por favor?”
O guardanapo amassado no bolso também voltara...

Como num filme iam surgindo,
Porém os créditos iam no sentido contrário...

Pronto. Agora sim.

sua carência,
sua insegurança,
suas crises existenciais,
suas alegrias,
seus sonhos,
seu tesão...

Agora as emoções voltaram a se emocionarem.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O Cérebro acomoda-se, o Coração resisti!

O Branco dos Olhos,
já se acostumou a estar vermelho...

As Bochechas rosadas,
estão também acostumadas,
à empalidecer,
emagrecer e afogar
nas Lágrimas calmas e acostumadas
a descer vagarosamente pelo Rosto perfumado de suor.

O Coração indignado, porém,
Resiste fortemente
à acreditar que tudo está perdido
e pulsa forte evocando
o Som da Garganta,
que apesar da naturalidade com a opressão
continua a canção,
embora os Pés estejam parados
e o Caminhar acostumado a não mais marchar.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desabafo - 6/10/11

Hoje estava olhando pela janela do onibus, por volta de meia noite, na Est. dos 3 rios (jpa) e presenciei, na minha cara, um acidente horrivel envolvendo uma moto e um ciclista que atravessava a rua. Para terem uma ideia das proporções do acidente o capacete do motoqueiro vuou para o lado ESQUERDO da rua de 3 pistas, parando no meio fio, e a moto na calçada DIREITA da pista, o motoqueiro ficou parado no chão onde caiu e o ciclista eu só vi subindo e não consegui achar onde ele caiu. Quando meu onibus passou ao lado do motoqueiro começava a se criar uma fila de sangue que saia de sua cabeça de quase 1 metro escorrendo em direção ao meio fio. Provavelmente nenhum dos dois sobreviverá a espera do SAMU, que tinha uma previsão de no minimo 20 minutos pra chegar no local do acidente, e o caminho para o Hospital Público mais próximo, o Cardoso Fontes a cerca de 5 ou 6 km do local do acidente. Provavelmente chegarão no Hospital sem vida, se sobrevivessem até a chegada da ambulância. Só tem um porém: o acidente ocoreu a cerca de 20 metros de DOIS hospitais particulares, o OrtoCenter e o AMIÚ, entretanto, como sempre, o dinheiro e a burocracia foram mais importantes que as vidas de duas pessoas e, inclusive, da ética profissional, ou será que estou enganado a cerca do juramento que os médicos fazem na faculdade de sempre servir ajuda a qualquer necessitado? Bom, to muito puto e chocado ainda, mas achei necessario explicitar isso aqui. Ainda tem que me pergunte porque odeio o sistema?

domingo, 28 de agosto de 2011

Poder.

Não quero reconhecimento (de nenhum tipo), não quero ser lembrado, nem esquecido, não quero ser mártir ou símbolo. Não é isso que procuro. Não quero ser líder, nem quero ser massa. Não quero ser importante, nem pra esquerda, muito menos pra direita, não quero ser um ícone, não quero nome. Não quero o Poder.

Quero apenas lutar, da minha maneira, pelo meu real objetivo. Meu objetivo não é o Poder. Não é ser conhecido no mundo inteiro. Nunca deixarei de gostar de conhecer pessoas que lutam ao meu lado, nunca negarei importância se essa for creditada a mim. Mas meu objetivo não é esse. Não luto por mim, luto pelo mundo.

Meu objetivo é o mundo, um mundo. Um mundo melhor, onde todos possam conhecer o verbo poder, com letra minúscula, e alcançar seus objetivos, sem pisar nos outros. Um mundo onde todos possam conhecer o verbo poder, sem precisar conhecer o Poder, substantivo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Girrassóis.

A felicidade corria nua
numa plantação de girassóis,
que se confundiam
com o brilho escurecido
do castanho de seus cabelos.

Lágrimas coloridas escorriam de seus olhos,
Mas ela continuava a correr
Livre e Nua entre os girassóis
Com o sorriso molhado do que é:
a sua felicidade livre.

De repente tenta correr para outros campos,
mas não consegue...
A Liberdade foge da felicidade
e vice-e-versa.

Os girassóis se convertem em grades,
As lágrimas secam nas mangas da blusa...
A felicidade está triste
e as cores tremulantes do céu anterior
dão lugar a noite,
sem lua,
escura...
E a música hippie que tocava no vento
à palavras e gritos de raiva...

Chorou até se afogar...
Para então renascer,
encolhida e nua
entre novos girassóis.

sábado, 13 de agosto de 2011

Cartas de Camarada

I.

Você diz
que vê muito de você
-quando tinha a minha idade-
em mim...
Muitas das minhas dúvidas,
minhas críticas, meus questionamentos,
minha impulsividade...

Então me conte sua história,
me conte de seus erros e acertos,
me fale de tudo.

Assim poderei acertar onde você errou
e errar onde você acertou
assim poderei ser o inverso de você.

II.

Pensando melhor,
não me conte nada,
cala-te e me deixe ser livre.

Me deixe descobrir sozinho se minhas críticas são equivocadas.
Me deixe responder sozinho minhas dúvidas e questionamentos
com novas dúvidas e questionamentos.
Me deixa aprender sozinho a controlar minha impulsividade,
Me deixe ter meus próprios erros e acertos.

Não quero ser o inverso de você,
nem muito menos ser igual a você,
ou ser o que você espera que eu seja.

Cala-te e me deixe ser livre.



Assim serei eu mesmo,
Terei minha própria história...
Pode ser que não ser o melhor possível,
Que desperdice tempo e potencial, mas garanto:
Serei o que quiser ser.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Observando a Revolução.

Pelego. Reacionário.
Conservador.
Sectário.

Em um banco de Universidade
Eles continuam discutindo ferroneamente
como se dará a insurreição
A tão esperada
Revolução Internacional da Classe Trabalhadora.

Enquanto isso,
em uma periferia qualquer
o Trabalhador com raiva
espera ardentemente o maldito
“Boa Noite”
Pra novela poder começar.

sábado, 16 de julho de 2011

Versos de Junho, Julho e Júlia.

Dizem por ai que
“pra fazer um samba com beleza
é preciso um bocado de tristeza.”

Tem muita tristeza,
Tristeza escondida,
Maquiada por uma falsa alegria,
Reprimida por uma nuvem calada,
Oprimida por um respeito à opinião alheia...
Mas há uma tristeza imensa,
que só aparece nos versos desses sambas sem cadencia...

“Mas nem com milhares de samba
eu faria você voltar pra mim...”
E essa tristeza fica com preguiça
e deixa os versos inúteis voarem
e irem com o vento da nuvem quieta

Essa tristeza que voa tão leve
Mas, infelizmente, não tem a vida breve.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tão cansado.

Acabei de acordar,
Mas não tenho vontade de levantar...
Estou cansado...

Não tenho tido vontade de algo já há um tempo,
estou cansado já há um tempo...
Talvez um mês e dois dias,
não que eu esteja contando...

Levantar pra que?

Ver as mesmas pessoas, sentir as mesmas coisas...
Sentir falta da mesma pessoa,
que não estará lá...
Chorar as mesmas lágrimas,
me irritar com as mesmas injustiças?

Os livros que eu queria ler vão se amontoando na estante,
Ao lado deles os poemas
que fiquei com preguiça de terminar
também vão formando pilhas...
Os discos que eu queria ouvir se escondem no silencio
e as roupas já se confundem com os lençóis...

Chega de escrever,
vou voltar a dormir...
Tô cansado,
cansado de viver.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mensagem da Madrugada

A lua está linda...
Ela veio como um beijo,
me despertar daquele sonho lindo
onde ainda te tinha,
cochilando em meus braços...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Titulo ?

Sentado ali naquele canto,
Ouvia um disco antigo de rock
E lia um alguns poemas de um ídolo.

Mas seus ouvidos só ouviam aquela voz amada dizendo adeus,
e os olhos só lembravam do olhar amado
inundado em raiva.

E os gritos da guitarra distorcida
solavam constantemente
tentando ocupar-lhe a mente e afastá-lo do sofrimento,
mas nem a violência dos versos do hospício
o tiravam daquela loucura diária.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Carta ao Noel

É meu poeta, tu já partiste, levando sua fita amarela contigo, há muitos e muitos anos... antes mesmo de eu sequer pensar em nascer, mas seus legados atravessaram os anos(e atravessarão os séculos) e chegaram até mim.

Com você estou aprendendo a caminhar com minhas próprias pernas, pensar com minhas próprias idéias e escrever com meus próprios versos... ainda que leve muitos tombos, diariamente.

Hoje o seu samba se une à filosofia para me auxiliar a viver indiferente àqueles que me condenam, falando sempre mal do meu nome, e não me importar com os que dizem que a sociedade é minha inimiga.

Venho te trazer notícias, mestre... sinto te informar que a malandragem foi roubada pelos nossos inimigos há anos. Lá na Vila, hoje em dia, há muitos cadeados no portão, assim como no Estácio, Salgueiro, Mangueira, Oswaldo Cruz e Matriz. E no resto do país. Aquela Revolução do Seu Gegê que te parecia uma incógnita escolheu uma roupa nova, que é usada até hoje: o paletó de jornal caro do populismo. E ainda tem os três apitos que mais ouço que, infelizmente, são os da PM.

Entretanto, ainda há samba (nem que apenas em fevereiro ou março), ainda há Perrots apaixonados, violões, barracões e muitas conversas de botequim, que levam escondidas nos bolsos a velha ginga das navalhas. É, meu camarada, por incrível que pareça ainda há esperanças...

Essa esperança é o motor de uma luta que se faz gingando aqui e ali contra aquela aristocracia que ainda tem dinheiro, mas continua não comprando alegria, essa alegria que tenta roubar de nós...

Bom, companheiro, mestre, ídolo e parceiro, por enquanto é isso... te trago mais notícias nos acordes ou linhas do próximo boteco de esquina.

Cordiais saudações,

Yan.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ligação Perdida

Do telefone saem sons agudos,
Eletrônicos,
Intercalados...

No intervalo entre um agudo e outro,
acelera meu coração...
A esperança grave bate forte dentro do meu peito...

Vai crescendo esperando sua voz romper o silêncio,
mas murcha,
quando este é novamente rompido pelo agudo...

O silêncio volta,
agora você atenderá,
vai atende, atende...

Piii...

sábado, 30 de abril de 2011

Insistente Chuva

Um brilho seco de sol aparece entre as nuvens
para cegar meus olhos molhados.

Olho pro sinal e vejo um velho mendigo
- cego taxado de louco,
com olhos lúcidos para enxergar o que ninguém mais vê-
Embaixo da chuva
anunciando o fim do mundo.

Esse fim de chuva,
agora ralo,
ao contrario da madrugada
que alagou a cidade,
me lembra dos desabrigados do Bumba
que ainda esperam...
e os de Friburgo também...

Mas nenhum deles ainda é lembrado,
no Senado,
no Congresso
ou no Projac...

Embora ainda estejam abandonados,
em abrigos,
quadras
ou caixas de sapato...

O sol aparece novamente,
entre a insistente chuva do céu,
mas não é capaz de secar
a insistente chuva dos meus olhos.

domingo, 17 de abril de 2011

Ser e nãoser

Não sei o que sou...
não sei o que vou ser...
sei o que não-ser,
não quero ser você...

Sei o que fui
e aprendi a mudar
mudar pra fugir de ser
mais um igual a você...

Me deixe em paz,
Me deixe simplesmente ser,
pare de me encarar assim,
não quero mais olhar nos seus olhos imundos,
de lágrimas e ambições...
vou desviar o olhar...
vou virar as costas...
não quero mais olhar,
não quero mais olhar
para esse espelho velho...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Fogo Cruzado - O Rappa

"Eu tô no fogo cruzado
Vivendo em fogo cruzado
E eu me sinto encurralado de novo
No Gueto o medo abala quem ainda
Corre atrás
Do fascínio que traz o medo da
Escuridão
Que é a vida

No Gueto o medo ilude e seduz
Com o poder da cocaína
Quem comanda o sucesso
Das bocas de fumo da esquina

Mas a favela não é mãe
De toda dúvida letal
Talvez seja de maneira
Mais direta e radical
O sol que assola
Esses jardins suspensos
Da má distribuição

Que arranham o céu
Mas não percebem o firmamento
Que se banham à beira-mar
Mas não se limpam por dentro

Que se orgulham do Cristo
De braços abertos, mas não abrem
As mãos
Prá novos ventos

Tô no fogo cruzado
Vivendo em fogo cruzado

Entre a Bélgica e a Índia
Entre a Jamaica e o Japão
Entre o Congo e o Canadá
Onde a guerra nunca tá
Entre o norte e o sul
Entre o mínimo e o Maximo
Denominador comum."

sexta-feira, 25 de março de 2011

Encontro Inesperado.

Hoje encontrei uma velha conhecida na rua,
alguém que não via a muito tempo...
Esbarrei, por acaso, com minha Esperança...

Fui cumprimentando-a com um sorriso,
quando ela de repente,
avançou, com um canivete
e roçou-o em minha barriga.

Depois saiu correndo,
Com celular e documentos...
Levando no bolso meus preconceitos
e com todo o resto
minhas esperanças.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Vagarosamente

Do lado de fora,
a chuva cai vagarosamente
como se sentisse preguiça
de molhar o chão do pátio...

Do lado de dentro
ele também faz movimentos vagarosos
formando formas com o pincel,
dando vida a tinta,
cuidadosamente...

Entre uma mão e outra ele senta na rede...
Escreve alguns versos num guardanapo...
Sente o cheiro do incenso...
Reflete...
Questiona...

Se questiona,
porque seus discursos sempre tão cheios de ideologia,
seu Pensamento voltado ao próximo,
pensamento que tem começado a se refletir vagarosamente na tinta
e nos atos...
Mas raramente reflete nos versos...

Se questiona porque sua inspiração poética,
continua tão egoísta...
Porque sua cabeça que tenta ser tão mais aberta,
insisti em bolar versos tão egocêntricos...
Onde lembra e maximiza seus problemas,
tão irrisórios perto dos outros 6 bilhões...

Lágrimas caem de seu rosto,
mergulhado na fumaça
e ele mais uma vez desabafa
em seu divã de papel...

Enquanto isso a chuva continua a cair,
Preguiçosamente...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Guerra

Todos os dias encontro
uma nova trincheira,
um novo campo de batalha,
dentro do meu cérebro.

Luto contra os preconceitos
que cresceram ao meu lado,
assistindo desenhos
e brincando de comandos em ação,
Envolvendo minha mente e a sociedade...

Bombardeio as mentiras e a alienação
provindas daquela criação
baseada em falsos ideais e materialismo disfarçado.

Porém há tréguas,
constantemente o barulho
das metralhadoras ideológicas internas
é substituído por diplomacia externa com os velhos amigos
e falsa imagem de certeza,
afim de conquistar aliados para as supostas convicções
que todos os dias são mais inundadas de duvidas e baixas.

Todas essas duvidas são sempre
em relação a estratégia de batalha...
porque há uma certeza:
o Inimigo...

Porém um paralelo interno
traz esperança para uma paz futura
entre passado e presentes.

O paralelo entre as novas ideologias,
que vem ganhando territórios,
e a antiga fé, proporcionada pela ingenuidade dos inimigos,
que não enxergavam o que ela realmente significava...

Ainda é preciso de muitas reuniões com os livros
e seus generais,
Ainda é preciso muitos combates contra o passado...
Muitas estratégias sobre o presente...

Mas a cada soldado morto
nessa guerra civil entre coração e cérebro,
sangue e mente,
percebo que a paz está na frente de todos,
mas parece que só eu enxergo...
Assim como só eu sinto toda essa guerra.

Cada dia tenho mais certeza na igualdade,
Não apenas a social, a racial ou a sexual,
mas a ideológica...dentro e fora de mim.

A igualdade de fundamentos entre
Cristo e Marx,
Kardec e Engels,
Chico e Che,
Ramatis e Fidel,
Teoria e Prática,
Passado, Futuro e Presente...

O Amor ao Próximo e o Conhecimento
serão as chaves para a Paz,
e não só dos meus conflitos internos...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Meu panorama é outro.

Você diz ser contra todos os preconceitos. Somos todos iguais, negros, brancos, índios, gays, heteros, ateus, católicos, espíritas, protestantes, umbandistas, muçulmanos, ricos e pobres. Você diz que o amor é livre, que o mundo é livre, quem o mercado é livre. Preconceitos são atrasos. Mas mantém escondido no seu interior ao menos um preconceito: o preconceito musical.

Muitas vezes fui recriminado e já fui levado a ter vergonha de admitir, mas hoje não tenho mais: uma das minhas bandas favoritas (ao lado de ícones como Noel, Janis, Bob Marley, Hendrix, Cartola e os garotos de Liverpool) está uma banda da minha geração, de cariocas, chamada Forfun. Mas muitos não entendem e nem querem ouvir ou tentar entender o porquê dessa afirmação.

A trajetória deles muitas vezes se coincide com a minha história. Quando comecei a ouvir Forfun, a uns 6 anos atrás, eles não eram mais do que uma bandinha pré-adolescente com musiquinhas fofas e engraçadinhas, e eu e outros fãs não também esperávamos mais do que isso deles. Porém eu amadureci, os integrantes da banda amadureceram e suas musicas amadureceram. Só que muitos até hoje os taxam, PRÉconceituosamente, como uma simples bandinha de garagem com musiquinhas pré-adolescentes.

Mas o Forfun mudou, e perdeu muitos fãs por conta disso, na era pós-CD Polisenso. Contando com novas influencias misturaram Rock, Reggea,Música Eletrônica e conhecimento histórico/social para criar uma nova banda, que da antiga só tinha o nome. O Forfun de hoje é ainda teoricamente uma banda de pop rock, mas para muitos fãs é uma banda de reggea, ou da classificação vazia de “musica alternativa”. Para mim eles perderam rótulos e se tornaram algo a parte no cenário musical atual. Apesar de não serem nenhuns gênios em acordes ou terem vozes maravilhosas suas letras(novas) são genialmente compostas como críticas a essa sociedade, que merece tantas e recebe tão poucas. Darei apenas um dos muitos exemplos que poderia dar aqui, na música Panorama(CD Polisenso) que trouxe inspiração a esse artigo:

Vivemos rente aos trópicos
Onde as águas de março costumavam fechar o verão
Alimentamos Pensamentos utópicos
E usamos a biodiversidade como fonte de inspiração

Vejo uma senhora vendendo balas em frente ao metrô
No campo, máquinas substituem o agricultor
Imagino como era tudo no tempo do meu avô
Quando não existiam telefones celulares, garrafas pet e nem isopor

Dos bangalôs da Tailândia aos barracos do Vidigal
Dos iates em Ibiza aos soundsystems em Trenchtown
Há algo que move a todos com a mesma força vital
A busca da felicidade e a realização pessoal

Se canta com força, com força a vida
Mantém essa chama que há em você no peito contida
De relance me vejo pedalando um camêlo

Coqueiros e areia em primeiro plano
e ao fundo um navio petroleiro
Calotas polares derretem
e modificamos códigos genéticos em nome da ciência
o Homo se diz Sapiens, mas o que mais lhe parece faltar é a sapiência

Que o espaço-tempo é curvo, Einstein provou a partir de um lampejo
Realmente não sei se o que você chama de verde é a mesma cor que eu vejo
Alheia a isso, a maioria continua exaltando o luxo e a propriedade privada
Esquece que caixão não tem gaveta
E que dessa passagem, a aprendizagem é a única bagagem levada

Mas há crianças, há sorrisos, há o Maraca no domingo
O panorama não agrada, mas não há porque se desesperar
Pela simples noção de que é uma dádiva estar vivo
De que os caminhos são lindos, e é necessário caminhar


Bom, talvez o erro tenha sido meu. Como pude esperar que uma geração que idolatra musicalmente Lady Gaga ou que tem como hit do verão “I wanna be a bilionaire” poderia aceitar e ouvir uma banda que em suas músicas, seu blog e seus shows denunciam toda a miséria e problemática do sistema vigente, evocando a juventude a acordar da sua alienação e egoísmo e ter um pouco mais de amor ao próximo?

Me desculpem, erro meu.


“Navios negreiros não cruzam mais o oceano
Mas o trabalho e o dinheiro continuam escravizando
Impondo ao mundo a cultura do capital
Materialismo, acúmulo e o pensamento individual.”
(Escala Latina – Forfun)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Necessidades

Duas pipas encontram-se no céu
e crianças correm pela rua...

De algum alto falante saem palavras,
em uma língua estranha,
vindas do passado...
Palavras que meio século
não enterraram em esquecimento...
nem mesmo as fizeram mentiras...
palavras reais e atuais
de mais de 50 anos atrás...

O mundo perde o fôlego...
A sociedade precisa de revoluções:
Cultural, ambiental, social...
As pessoas precisam de uma guerra
contra seus preconceitos e seu egoísmo...
Os povos precisam de paz.

Enquanto tudo e nada acontece lá fora,
eu estou deitado na cama
e a única coisa que preciso no momento
é do seu sorriso ao meu lado.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sabe aqueles dias que você acha que sua vida é um lixo e que se você desaparecesse não haveria prejuízo alguma a humanidade? Mas você vê o sorriso da sua namorada e pensa que alguma coisa você fez de útil nesses seus medíocres 18 anos de existência.

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Palestrante

Por mais de 50 anos suas tardes de terça-feira foram sempre iguais, ou quase isso. Sempre dava a mesma palestra, quer dizer, uma palestra com o mesmo tema, pois,assim como a tecnologia,os assuntos e a platéia também se modernizaram. No mesmo auditório, às 15h15min, da mesma faculdade que cursava quando começou a palestrar. Os anos se passaram e nunca perdeu a rotina de chegar por volta das 14h30min para começar a preparar as coisas...

Mas naquela semana estava atrasado. O transito estava caótico e ele só conseguia culpar a especulação imobiliária... Em um dos vários sinais vermelhos entre o ponto de ônibus e a universidade ele começou a se lembrar da primeira palestra, o auditório lotado, pessoas sentadas no chão e um final que só aconteceu uma vez: uma guerra contra a Polícia do Exército, que invadira o teatro para prendê-lo e sua platéia tentava defende-lo.

Aliás, durante os dois anos que se passaram foram as únicas vezes que a palestra mudara de lugar, se transferira primeiramente para um porão da PE, depois para um navio-prisão da Marinha, depois para Ilha Grande e finalmente para o exílio na Europa. Mas independente disso e da platéia que o assistia toda terça-feira às 14h30min começava a se preparar e às 15h15min começava a falar para parar apenas por volta das 19 horas.

Finalmente conseguira chegar a Universidade, 15h07min, encontrou o faxineiro Zé no corredor que como sempre o cumprimentou com um sorriso desdentado e uma nova frase: “achei que o Senhor tinha desistido.”

15h26min, finalmente começara. O auditório, assim como há alguns anos, estava vazio novamente. Não se abateu, começou a falar para o vento. Falou, falou, falou...
Por volta das 16h45min empolgado com o ritmo da palestra havia esquecido o vazio. Pediu para que alguém da platéia se levantasse e apagasse as luzes, nada. Reclamando em pensamento de como essa nova geração era mal educada desceu e foi apagá-las. Começou a passar os slides e voltou a falar.

Quando esses acabaram as luzes ascenderam sozinhas e com um susto ele viu que havia novamente uma platéia. Uma jovem de cabelos negros e olhos verde-amarelos estava sentada na dácima-primeira fileira.

Não conseguiu segurar um breve sorriso, mas depois fingiu nem ter notado a nova presença. Com o animo renovado voltou a falar, falar, falar...

A jovem que havia entrado ali por acaso ouvia atentamente o que o velho dizia e aos poucos começava a entender. Compreendia e percebia a realidade dos problemas que ele narrava, chegou a quase ficar abismada com algumas fotos. Continuou a ouvir e entender a gravidade do problema, quando estava prestes a se preocupar sua consciência a lembrou que aqueles problemas não eram dela, que aquilo tudo estava ficando chato e monótono e que já eram quase 17h30min e ia começar Malhação. Meio envergonhada ela se levantou devagar e saiu. Deixando o velho “comuna” louco sozinho novamente.

O palestrante ficou com olhos marejados de decepção, mas fingiu não notar. Limpou as lágrimas com um lenço, comentou que essas luzes novas o faziam suar e voltou a falar, falar, falar...

Mas ninguém o ouvia, a Universidade havia fechado os ouvidos, os olhos e a boca para aqueles problemas que não eram de jovens ou professores...

Ah, que saudades da Ditadura.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Repelente Emocional

Seu nome era um tanto quanto estranho, Leirbag Nay, não que alguém se importasse. Leirbag sempre foi um trem desgovernado que passava por cima de todos que gostava, e pior, estava em rota de colisão.

Durante o primário as coisas eram relativamente mais fáceis, Leirbag sempre nadara (dentro d’água era o único lugar onde se sentia uma pessoa normal) e todos os anos de natação fizeram do seu corpo de criança o corpo de um pré-adolescente bem desenvolvido, com uma força física capaz de criar amigos e namoradinhas.

Quando começou a entrar realmente na pré-adolescencia Leirbag se mostrou preguiçoso e desistiu da natação. Junto com a piscina foram-se também os músculos e conseqüentemente os seus grandes amigos. Desapareceu também o sonho de ser uma pessoa normal. Sua adolescência foi marcada por um ciclo vicioso de amor e ódio. A cada novo ambiente que chegava Leirbag usava sua fala mansa e seu gingado para socializar e criar diversos amigos, em pouco tempo porém, sua fala mansa se revelava em calunias e seu gingado em covardia, as amizades viravam, primeiramente, bullying, depois ódio e brigas físicas, e, finalmente, desprezo.

Nem seus pais o agüentavam mais, sua casa era um antro de brigas, palavras sem peso de tanto repetidas, agressões físicas, orais e morais. Leirbag corrompia tudo que um dia gostara e não percebia. Botava a culpa nos outros e não sabia explicar o que acontecia. Não sabia porque o odiavam e se achava injustiçado.

Certa vez conseguiu uma namorada de verdade. Miap Ailuj era seu oposto: carinhosa, sincera, cheia de amigos verdadeiros, filha de pais amorosos e dona de lindos sorrisos puros e um bom coração. Miap tentou mudar Leirbag, mas acabou sendo mudada. Abandonou seus amigos, se tornou ciumenta possessivamente como ele, começou a brigar com seus pais e trocou os sorrisos do dia por lagrimas na madrugada. Um dia Miap cansou e mais uma vez Leirbag ficou apenas com sua solidão, o ódio alheio e um cigarro na mão.

Ao completar 18 anos começou a perceber o quanto repelia as pessoas, mesmo sem entender por que. Resolveu então por um fim no monstro que sempre convivera com pessoas inocentes. Comprou vergalhões e começou a trabalhar. Nunca havia se dedicado tanto a algo. Passava os dias trabalhando e as noites calculando o trabalho do dia seguinte. Sumiu dos cantos sombrios onde habitava... Ninguém mais se lembrava de sua existência.

Após 1 ano trancado no quarto seus pais perceberam que não viam o filho fazia algum tempinho. Sra. Nay resolveu, pela primeira vez em anos, ir até o sótão onde Leirbag morava dar uma olhada se “tava tudo ok”. Leirbag estava trancado numa gaiola gigante, dormindo profundamente ao lado de um lápis, alguns poemas rabiscados e uma poça de sangue. Sua mãe desejou boa noite e desceu para ver a novela das nove.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Noite Feliz, Dia Real.

Nos encontramos para comemorar algo...
Sentamos, bebemos,
levantamos, bebemos,
sentamos, bebemos,
bebemos e levantamos...

Pagamos a conta,
Fugimos,
Correndo de mãos dadas
através da noite...

O dia nasceu,
com ele a consciência...
Tive que te levar de volta...

Na despedida
um beijo
com gosto de um drink novo
provindo da mistura de melancolia e saudade...

Voltando pra casa
acordei e vi
que estava ali,
de novo parado no tempo...
me afogando em versos melancólicos...
de novo,

Sozinho.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Morte-viva na escuridão.

Ele ali,
sentado no escuro
só enxergava aquela pontinha vermelha...
indo e voltando...
crescendo, desmanchando, crescendo,
desmanchando,
e crescendo de novo...

Por um instante acreditou
que tinha dado vida a algo...
uma nova forma de vida...

Mas de repente com um barulho longe,
A luz se acendeu!
Suas pupilas arderam durante alguns segundos...
Apagou o cigarro no chão
e viu que não havia vida alguma ...

Era apenas ele,
de novo ali no escuro
sentado no chão...

Sozinho.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Um megafone,
tanta gente bonita...
quanta gente reunida,
musicas e gritos...
Uma bandeira de luto no chão,
pés a pisam.

Revolta,
Esperança,
Luta...

Dever cumprido...

Felicidade.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Movimento Pela Repolitização da Juventude

Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2010

Em 2010 o Ministério da Educação promoveu pelo 2º ano o Exame Nacional de Ensino Médio, que visava a unificação dos vestibulares como forma de diminuir a elitização da educação superior em nosso país. Entretanto o ENEM foi, assim como em 2009, novamente marcado por falhas e desrespeito ao estudante. Nesse contexto foi criada a UVF (União dos Vestibulandos Fudidos/Frustrados).

Em apoio a outras instituições do movimento estudantil maiores a UVF participou de alguns protestos, mas logo esfriou sua mobilização, com o esfriamento do “assunto ENEM”. Porém o desejo de seus fundadores de rever a juventude como forma principal de mudança no sistema político não esfriou e por isso resolvemos ressuscitar a UVF com o intuito de, como era dito antes, ressuscitar o espírito revolucionário do jovem brasileiro.

Como a maioria de nós em 2011 não será mais vestibulando e nossas lutas futuras não pretendem se restringir ao meio da educação, o nome original não fazia mais sentido e rebatizamos a organização de MPRJ – Movimento Pela Repolitização da Juventude. A partir da presente data o MPRJ pretende militar pelo renascimento da Juventude Revolucionaria Brasileira, a mesma juventude que lutou contra a Ditadura e que derrubou Fernando Collor. A MPRJ pretende crescer dentro do movimento estudantil e adquirir uma posição de respeito nessa tão nobre causa, e para isso pedimos a sua ajuda.

Você, jovem, que ainda se encontra no conformismo e alienação da maioria de nossa juventude. Saia dessa, junte-se a nossa causa e venha lutar por seus direitos e de toda a sociedade, pelos direitos da juventude, sim, mas também pelos direitos dos operários, das mulheres, dos homossexuais, dos negros, dos pobres, da mídia alternativa e de todas as minorias reprimidas pelo sistema elitista que está afundado nosso país. Esse mesmo sistema que faz o jovem acreditar que política é uma coisa chata para poder o manter distante dessa. Junte-se a nós nessa luta por Respeito e Dignidade.

Yan Oliveira e Carlitos Aragão.


Entre na nossa comunidade:

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=109857187;


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E para os que estejam no Rio um convite especial: Os estudantes cariocas estão organizando para o dia 7 de janeiro um protesto contra o aumento salarial dos parlamentares em 62,5%. O protesto está marcado para as 15hs na Cinelandia e, apesar de ser organizado pela massa estudantil, conta com o apoio de toda a sociedade, lezada pela antietica de certos politicos. Contamos com a ajuda da massa operaria, idosos, jovens que não estudam mais, politicos eticos(embora raros), turistas, artistas ou de qualquer outro que esteja irritado com as ilusões politicas brasileiras e que tenha garganta e disposição para gritar conosco. Até dia 7.