segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Sobre a viuvez esquecida.

Sou um viuvo?
Não! Os viúvos também sofrem,
mas endurecem
e se escondem.

Sou uma viúva,
que anda pela rua de mãos dadas com seu luto,
tristeza e saudade.

Sou uma viúva de amor suicidado.
A pessoa amada ainda vive,
mas não é mais a mesma.

O suor de prazer secou,
O calor do amor apagou
A voz ainda é melodiosa, mas é seca e fria.

O sorriso ainda é lindo,
mas não olha mais pra mim.
Sinto saudades de alguém que não existe mais,
Mas está vivo e feliz.

Sinto saudades de alguém que,
por minha causa,
não sente saudades de mim.
Sinto saudades do amor que morreu,
não suicidado,
mas assassinado,
por mim.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode nem ao menos visitar o túmulo do amor
pois suas cinzas foram jogadas ao mar.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode velar o corpo amado,
pois este está vivo,
e vive com ódio e raiva de mim.

Sou uma viúva sozinha e triste,
que sobrevive nas lembranças esquecidas,
que vive no esquecimento alheio e na saudade infantil,
na tristeza egoísta e no desejo carinhoso,
na carência precipitada e na perca não planejada,
na culpa intolerável e nas lágrimas inesgotáveis.


Sou uma viúva sozinha e triste,
que tenta, inutilmente,
lembrar de ser viúvo e não esquecer as conveniências.

Um comentário:

  1. seus comentários sempre bons de ler, onde quer que eu os encontre.

    abraço

    PAZ

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