Sou um viuvo?
Não! Os viúvos também sofrem,
mas endurecem
e se escondem.
Sou uma viúva,
que anda pela rua de mãos dadas com seu luto,
tristeza e saudade.
Sou uma viúva de amor suicidado.
A pessoa amada ainda vive,
mas não é mais a mesma.
O suor de prazer secou,
O calor do amor apagou
A voz ainda é melodiosa, mas é seca e fria.
O sorriso ainda é lindo,
mas não olha mais pra mim.
Sinto saudades de alguém que não existe mais,
Mas está vivo e feliz.
Sinto saudades de alguém que,
por minha causa,
não sente saudades de mim.
Sinto saudades do amor que morreu,
não suicidado,
mas assassinado,
por mim.
Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode nem ao menos visitar o túmulo do amor
pois suas cinzas foram jogadas ao mar.
Sou uma viúva sozinha e triste,
que não pode velar o corpo amado,
pois este está vivo,
e vive com ódio e raiva de mim.
Sou uma viúva sozinha e triste,
que sobrevive nas lembranças esquecidas,
que vive no esquecimento alheio e na saudade infantil,
na tristeza egoísta e no desejo carinhoso,
na carência precipitada e na perca não planejada,
na culpa intolerável e nas lágrimas inesgotáveis.
Sou uma viúva sozinha e triste,
que tenta, inutilmente,
lembrar de ser viúvo e não esquecer as conveniências.
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Sobre a viuvez esquecida.
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ResponderExcluirabraço
PAZ