terça-feira, 31 de agosto de 2010

Inspiração


Fumaça, que se dissipa em todas as direções
se modifica em segundos,
Agora algo concreto e visível...
Não mais,
apenas memórias que não voltam atrás

Minha inspiração,
Devia está concentrada
Em um pequeno volume,
E alta temperatura.

Mas algum intrometido
Abriu a minha válvula inspiratória
E ela fugiu,
Se expandiu,
Se fundiu a atmosfera,
E eu fico aqui esperando sua condensação
E sua volta com a chuva.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Medo do escuro

Tá tão escuro,

Muito escuro...

To deitado? Aonde?

To amarrado, por quê?

Eles tão voltando...

Já nem sinto mais seus chutes,

Nem seus tacos de basebol,

Só tire essa mordaça,

Só me deixe gritar...

De repente, as vozes

(que antes diziam coisas incompreensíveis)

Sumiram...

As pancadas cessaram...

Eles não voltaram...

A dor está fundida a minha pele

E a escuridão condensou-se...

Será que morri ?

Tento me soltar,

Mas meu corpo não é mais meu,

Quero poder ao menos me debater...

Luz!

Estou em pá de novo, ___________________________________algo corre em minha testa,

Ao lado da cama...______________________________será sangue?... não, é suor _________________________________________Será possível, foi tudo só um sonho


...


Merda, tenho que ir, to atrasado pra aula...

domingo, 8 de agosto de 2010

Caminho Enevoado

Olho pra trás e vejo
Que por mais que eu tenha mudado,
As marcas do passado
Ainda estão lá,
Pintadas com tinta preta
Para sempre no muro da minha alma...

Todos os versos,
Todas as lágrimas,
Todos os sorrisos,
Todos os amigos perdidos,
Todas as amizades construídas,
Todas as fotos...
Tudo digitalizado e arquivado
No HD do meu coração...

Não me arrependo de nada...
Por mais idiota ou infantil,
Por mais que: “hoje eu faria diferente”...
Todos os erros, fases ou acertos
Foram o que me trouxeram até aqui,
Me carregaram e empurraram,
Me transformaram
nessa névoa duvidosa que vos fala...

Hoje a névoa começa a se dissipar
Começo a perceber meu novo eu...
Tenho consciência que ainda há muito a aprender,
Muito a caminhar e amadurecer...

As metamorfoses diárias ainda estão longe do fim
Mas hoje elas têm um sentido, uma direção...
A ordem começa a se fazer
Em meio ao caos de minhas idéias...
O caminho começa a se ladrilhar...
Mas nunca esquecerei das ruas de barro
que me trouxeram até aqui...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Rosa Branca

Alzirinha aos seus 9 anos
tinha cabelos morenos e pele alva,
Eram como as cores plásticas vibrantes
Que um dia pintariam a obra de arte de sua imagem adulta.

Seu sorriso refletia sua inocência
E seus olhos, puras intenções...

Num dia fresco de outono
na pequena aldeia de Trás dos Montes
onde morava com seus pais e irmãos,
Alzirinha aproveitava o momento de descanso
Do trabalho na vinícola,
E passeava alegremente pelo campo que rodeava os Montes...

Encontrou um broto de rosa branca caída
Aos pés do roseiral de D. Almerinda,
Alzirinha entristeceu-se ao pensar que aquela flor,
Estava prestes a morrer antes de florescer...
Alzirinha a resgatou,
E a plantou no seu lugar preferido do campo...

A menina levou a rosa para a beira do penhasco
Onde ela levava sua única boneca pra tomar chá,
Onde seu pai colhia as uvas para o vinho do patrão
E onde seu avô a tempos remotos escrevia os mais belos fados...

O penhasco tinha uma linda vista,
Donde se via toda a aldeia,
E o campo ao redor...
E muito além...
Para Alzirinha de lá ela podia ver toda Portugal...

Todos os dias ela ia cuidar do broto,
Até chegar o inverno,
e sua mãe a proibir de ir brincar tão longe...

Alzirinha no início ficou preocupada com sua nova amiga,
Passando pela chuva e neve...
Arrependeu-se de tê-la plantado num lugar com tanto risco de desabamento,
Chorou todas as noites do inicio de inverno
Mas a alvura da neve e o trabalho pra ceia de natal
Acabou afastando suas preocupações com o broto...

No primeiro dia de primavera,
No dia de seu aniversario de 10 anos,
Alzirinha foi passear no campo
Havia ganhado uma linda boneca que a filha do patrão enjoara
E estava ansiosa para mostrá-la o lugar mais belo de Portugal.

Quando chegou perto da ribanceira,
Viu a mais bela rosa Branca florescer...
Não se lembrava mais como ela tinha chegado ali...
Mas entendeu que apesar de todo o frio e chuva do inverno português,
Deus havia lhe reservado um belo presente de aniversário.
A mais bela rosa no mais belo lugar de sua inocência infantil.