quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Bilhete Amarelo

Acordou com o sol lavando o rosto
e percebeu que estava só...

Colocou café na cafeteira,
Trocou de roupa,
Pegou o livro pra ler...

Havia um desenho novo na capa,
um daqueles papeizinhos amarelos
-onde chefes chatos deixam bilhetes truculentos-
A letra redonda e familiar
também deixara um bilhete,
nem um pouco truculento...

“Eu te amo, sabia?”

Com um sorriso o tirou da capa,
e colou por dentro,
não pra esconder,
não pra esquecer,
mas pra proteger...

Protegeu,
numa embalagem de lembranças boas,
e Colou,
por dentro do peito,
na primeira folha do coração...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Poetas distantes.

A noite vai amanhecendo

e o sono não quer acompanhá-lo


Desiste de rolar na cama.

Levanta. Caminha até a estante.

Escolhe um livro de poesias.


O degradê matinal começa a surgir

e aquele rapaz com ares de poeta

ainda está aprendendo

com o grande Poeta.


Começa a pensar em linhas e linhas...

Cartas e cartas...

Para agradecer ao seu ídolo.


Agradecer pela poesia,

pelos ensinamentos,

pela emancipação,

pela ideologia...

Agradecer simplesmente,

pelo passatempo Noturno.


Mas o mestre não está mais por aqui,

nem por ai, nem acolá...


O Poeta se foi,

antes mesmo do poeta

pensar em vir.


O garoto reflete sobre isso

e volta a ler,

pois acredita

que os versos que lê

voam

-coloridos de ternura e agradecimento-

de encontro ao autor,

seja lá onde esteja.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Os dias inúteis - Pablo Neruda

"O mau tempo me tirava os desejos de sair, e à medida que os dias corriam eu ia ficando mais sozinho. Nas tardes, ninguém me vinha procurar e -sem livros- as horas resvalavam sobre a minha absorta inatividade.

Às vezes uma angústia malévola me atirava, feito nó, à cama. A chuva caía, densa e longamente; os ventos roncadores desciam dos serros; e a luz do crepúsculo se afligia como uma moribunda, atrás da janela que dava para o rio."

O Rio Invisível - pág. 171


Obrigado, mais um vez, Pablo,
por traduzir meu interior em suas palavras.

Yan.






domingo, 12 de dezembro de 2010

Mais um domingo...

O dia começou mal,
como um furto na areia,
poucas e pequenas ondas no mar
e lágrimas nas portas dos olhos.

Mas de repente,
do outro lado da rua,
a amada surgiu
acompanhada de um sorriso
e do sol, que das nuvens desviava.

No meio de um beijo,
começou a chover areia...
uma dupla de amigos que aparecia...
que saudades de vocês...

eles se multiplicaram.

Surgiu até uma bola,
além de vários mergulhos,
nas areias das ondas,
estas que por acaso,
também apareceram pra festa...

Uma festa ensolarada,
e molhada,
com som de gargalhada
e gosto de água salgada.
No fim do dia a pele ardia,
os olhos esqueciam das perdas materiais,
os lábios já sentiam sua falta
e os dentes voltavam pra saudade.

Mas o dia,
que começou com som de enterro,
terminou com falso sentimento de férias,
mas hoje ainda é domingo...

Amanhã vou vê-los,
mas não serão os mesmos,
no lugar das sungas, bikinis e bermudas,
calças jeans,
no lugar dos sorrisos,
nervosismo.

Mas só durante uma semana,
depois chapéus voarão
e todos os dias serão paradoxos dominicais...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Reflexões de uma Costela

De longe te vi esperando. Estava ascendendo um cigarro, como sempre, enquanto eu tentava esconder o cheiro do meu. Sentamos na mesa de sempre. Pedimos dois chopps e a costela de sempre. O garçom é novo. Você começa a falar. Reclama do meu cabelo. Reclama da atenção que tenho dado a vocês. Reclama do trabalho. Reclama do relacionamento. Reclama do dinheiro. Reclama que cheguei atrasado. Finjo interesse. Coitadinho, um injustiçado mesmo... e eu tão irresponsável.

As reclamações parecem ter cansado. O silencio começa a incomodar. Você parece inquieto. Mais dois chopps, por favor. O bebê da mesa ao lado é tão fofo. Uma gracinha realmente. A costela está demorando, não? Confiro o celular, os minutos foram acrescentados em três. Vou ao banheiro. Vai lá.

Lavo o rosto. Olho pro espelho. Vejo um rapaz de cabelo despenteado, sandália de couro, bermuda cargo e uma blusa do Bob Marley. Uma pseudo-barba ridícula começa a crescer defeituosa e o deixa mais novo ainda. Sorrio ao lembrar-me da sua saudação: “não podia ter posto uma roupa melhorzinha, não?”. O sorriso se apaga. Percebo o quanto o rapaz a minha frente é parecido com você.

Volto à mesa. A costela ainda não chegou. Os chopps foram renovados. O silencio companheiro só é interrompido pelo choro do bebê. Não mais tão fofo. Agora realmente está demorando. Você começa a se irritar, como sempre. Foram matar o animal?

A costela finalmente aparece. Você reclama da demora com o garçom. “Mas senhor, demorou os 20 minutos normais do prato”. Esse bebê não para de chorar? Você podia ter sido menos grosso. Demorou mas ta com cara bonita. O rapaz podia ser seu filho. Não precisava ter sido desrespeitoso.

Comemos como bárbaros. Acompanhados novamente do silencio, agora brigando contra o som dos talheres. Ufa, to cheio, vamos pedir uma saidera? Não, por hoje tá bom. Você ainda vai dirigir. Tá bom então, a conta, por favor. No carro o silêncio cresce. Lembro de como já fomos tão próximos. Tão parecidos. Não só fisicamente... Sorrio novamente. Agradeço ao silencio.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Algumas palavras

Dizem por ai que o melhor amigo do homem é o cão. Eu não gosto da cachorra daqui de casa. Eu gosto de escrever. Minhas melhores amigas são as palavras, assim como minhas piores inimigas.

Carlos Drummond de Andrade, que recebeu a alcunha de “o poeta das sete faces”, apesar de ser um dos maiores escritores brasileiros, quisá o maior, se mostrava humilde diante da palavra, pois essa sim é multifacial.

As palavras podem ser amantes carinhosas que vivem para nos dar prazer e felicidade. Podem formar versos rebuscados ou simples alagados em ternura e emoção. Podem formar uma carta de amor. Declarações de amor. Gritos de amor. Risadas de humor.

Podem ser uma arma revolucionaria. Palavras politizadas, com um cunho social, brigando pelos seus direitos no dicionário. Brigando para tornar o denotativo em conotativo e de reflexão geral lingüística. Lutando por um acesso geral da sociedade humana à si, para conscientizar todos que qualquer um tem o direito de se subordinar a elas, de tratá-las com carinho e respeito.

As palavras podem, porém, se tornarem grandes vilães. Podem ser usadas para humilhar, machucar, ofender, criar ilusões negativas ou até mesmo matar outras palavras. O poder de persuasão das palavras é tão grotesco e perigoso que são capazes de fazer pessoas que gostariam de trocar palavras da primeira face não trocarem mais nenhuma entre si.

Certa vez um grande personagem da ficção infanto-juvenil disse que “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Na vida real adulta essa frase é como um substantivo concreto. No caso do poeta suas responsabilidades são ainda maiores, pois ele tem o maior de todos os poderes: a palavra. Ele tem o dever de saber controlá-las, saber a hora de calá-las. O poeta não deve apenas ler, escrever e falar, ele deve sempre lembrar que é um ser humano como qualquer outro e precisa ouvir. Mesmo que as palavras que ouça rasguem seus ouvidos deve lembrar-se de sua função e não revidar. Ele sabe a hora e o modo de usar seu super-poder e não pode usá-lo para o mal.

Por isso não aceito tal adjetivo, nem o substantivo, para o pronome pessoal obliquo tônico da primeira pessoa do plural. Ainda não me considero um poeta porque não me acho digno de tal cargo por não saber usar a responsabilidade que ele traz: a de manejar as palavras de forma que elas não façam sofrer aquelas pessoas que eu amo e que me trazem inspiração. Quando souber controlar as faces de minhas palavras talvez possa aceitar tal título, mesmo que seja apenas mais um poeta ruim.

Queria escrever algumas coisas mais, mas as palavras fugiram.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tempestade

Começam a mergulhar do céu
e afundarem em meu rosto,
Gritos roucos estremecem as árvores ao redor

A tempestade me envolve e provoca,
mas meus pensamentos estão com você
e na lembrança de como foi bom...
estou perdido na chuva,
de versos que desabam em minha cabeça.

As roupas se confundem com o corpo...
As lágrimas da lua se confundem com as minhas...
minhas lágrimas, que já tantas vezes
me fizeram companhia na volta pra casa...

Dessa vez são diferentes,
sorriem,
as lembranças são reais
e a lua dança comigo,
eu na chuva, ela entre as nuvens...

Comemoramos,
pelo fim de semana perfeito,
sem brigas, sem outras lágrimas...
Só eu, você, Lennon e o mar.

“Half of what I say is meaningless
But I say it just to reach you…”

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Inspiração (relembrando)

Fumaça, que se dissipa em todas as direções
se modifica em segundos,
Agora algo concreto e visível...
Não mais,
apenas memórias que não voltam atrás

Minha inspiração,
Devia está concentrada
Em um pequeno volume,
E alta temperatura.

Mas algum intrometido
Abriu a minha válvula inspiratória
E ela fugiu,
Se expandiu,
Se fundiu a atmosfera,
E eu fico aqui esperando sua condensação
E sua volta com a chuva.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Thank you, Joanne

Muitos podem achar idiota isso que vou dizer agora, mas é minha realidade e não tenho vergonha de dizer: Harry Potter me ajudou a formar quem eu sou e quem eu fui (os mais próximos a mim sabem que de uns tempos pra cá isso tem muita diferença).

Os livros de ficção fantasiosa de Joanne Kathleen Rowling(que na minha opinião não devem nem ao menos tentar ser comparados a Crepúsculo, Senhor dos Anéis, Crônicas de Nárnia, ou qualquer outra merda do gênero) são encharcados de uma subjetividade do mundo real, muitas vezes nem pensadas pela autora mas com clara inspiração subconsciente, que me ajudaram a ter uma idéia ampla de mundo. Eu aprendi a ver o mundo dos trouxas entendendo o mundo dos bruxos.

Harry Potter foi meu primeiro vício, meu primeiro livro, meu primeiro trabalho no cyber-espaço, minha primeira convenção, minha primeira participação em algum tipo de movimento...

Hoje em dia devo agradecer a JK por ser viciado em livros, por ter tido uma infância rica em leitura (e livre de Cullens ou Frodos) e por ter tido todas as experiências que tive como “pottermaniaco” que me trouxeram de certa forma uma vivencia em vários meios e um senso de ridículo que não tinha no inicio dessas experiências...

O pior será ano que vem, quando acabar o ultimo filme de Harry Potter. Vai bater uma angustia enorme, vai ter simplesmente acabado. Vai ter acabado uma coisa que regeu parte da minha vida e acompanhou a maioria da mesma. Vai ter acabado a única coisa que ainda me ligava aquele menino que começou a morrer no inicio desse ano, que eu odeio em alguns aspectos mas obviamente sinto falta de sua companhia... vai ter simplesmente acabado a única desculpa que eu ainda tinha pra brincar de ser criança, vou ser definitivamente um adulto. E isso me dá medo, muito medo. Mas vou combater esse medo e transformarei ele em força para batalhar pelas pedras filosofais da minha vida, estando ela em câmaras secretas ou cálices de fogo, tendo que combater prisioneiros de Askaban ou relíquias da Morte e se for preciso fundar minha própria ordem da fênix.

Tenho muito a agradecer a J. K. Rowling, tenho toda uma infância a agradecer a ela. Tenho uma vida, que começou com seus livros, a agradecer a ela. E quando acabar de vez o jeito vai ser aceitar que o tempo passa e continuar vivendo, assim como os personagens continuaram no seu mundo paralelo, e encaixotar os livros e as lembranças esperando os filhos virem daqui a alguns anos e então recomeçarem uma nova “geração Harry Potter”.






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P.S.: Pessoal desculpe por não ter falado, ao menos por enquanto, sobre a Guerra Civil Carioca, que eu tanto tenho falado no twitter.Eu juro que tentei escrever inúmeras vezes sobre o assunto, tanto poemas quanto prosas, em todas as maneiras, ams não saiu. Desconfio que seja porque eu estou altamente abalado emocionalmente com tudo isso e como vcs puderam ver Harry Potter serviu por uma ultima vez como um escapismo a mim e ao meu cérebro. Continuarei tentando por minah revolta no papel e se sair colocarei correndo aqui.
Abraços e não esqueçam de comentar nem que seja me zuando . auhauahuah

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Golpe da Maioridade

O dia tão sonhado chegou,
E ai? O que mudou?

O telefone não para de tocar
lembrando parentes que nem me lembro mais
No computador,
dezenas de falsos amigos,
ex-amigos,
amigos esquecidos
e amigos verdadeiros
uma vez no ano foram lembrados
daquele garoto
que conheciam,
e nem imaginam,
morreu - ou está morrendo -
desde o inicio do ano...

A primavera ainda tem jeito de inverno...
Lá em casa sempre o mesmo inferno...
E os sonhos e esperanças
se desfizeram em lembranças...

O emprego é uma ilha ao longe...
A carteira de motorista separada por um oceano de suor
E a liberdade?
Ah a liberdade...
nem aparece no horizonte...

Mas as dúvidas ainda me acompanham
e nem pensam em abandonar...
elas que são o combustível dos meus versos,
além é claro daquele outro,
que agora posso abastecer meu cérebro
sem recorrer mentiras descaradas...

Mas espere ai,
Teoricamente ainda tenho 17!
Quem sabe algo especial não acontece as 23:44?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A pequena bola azul

O menino grande andava distraído
quando reparou,
naquele canto tímido,
a pequena bola azul,
meio tristonha, meio murcha...

A curiosidade,
e as lembranças,
o invadiram...
Desviou seu caminho
sem rumo
3 ou 4 paços...

Pegou a esfera plasticamente mole
apertou o sorriso apagado
e a jogou ao longe mais perto

Ela quicou sem rumo alguns segundos...
até que o grito, seguido pela correria,
vieram acompanhá-la
e reacenderam o sorriso...
Os meninos pequenos gritavam,
agradecendo a Deus
pela bolinha pródiga que voltara

E o menino grande
voltou a andar
Com um novo sorriso
e uma nova lembrança...

sábado, 13 de novembro de 2010

Nadando no Rio

Eu estava sentado num canto qualquer,
Ao meu lado companheiros:
Guardanapos, copos de guaravita, papéis de biscoito,
Excrementos de rato, lama, poeira,
Algumas gotas de sangue e um dente quebrado...

Veio uma vassoura,
alta, magra,
morena de cabelo castanho claro,
e varreu-me pra longe...
Mãos enormes me levantaram
e as luzes se apagaram...
...

Estou novamente com meus companheiros,
e muitos mais...
corremos junto com o rio negro e fedorento...
Afogados pela solidão da sociedade,
seguindo o fluxo pastoso,
inertes e sem mais esperanças de ver a luz ...

Apenas esperamos
até sermos conduzidos ao mar!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Você fez Enem? Ajude-nos a reclamar.

Eles nos obrigaram a usar caneta preta, fazer redação sem lápis e borracha, perder nosso final de semana e fazer 180 questões sem poder controlar o tempo! Isso tudo pra que ? Pra eles cancelarem a prova de novo! Isso é absurdo! A juventude sempre foi o símbolo da mudança ou pelo menos da luta por ela, está na hora de nossa geração mostrar que não estamos no mundo a passeio e respeitar o nome de Jovens!
Formamos a União dos Vestibulandos Fudidos, desculpe o vocabulario xulo, mas é a única forma de expressar o quanto eles estão fodendo conosco! A UVF não tem a intenção de apoiar nenhuma parte política, nem os ditos "esquerdistas" do governo nem a extrema direita da Organização dos Advogados do Brasil ou qualquer outra instituição. Nosso objetivo é usar a vantagem que nossa juventude tem em comparação as gerações anteriores da internet para mobilizar novamente as camadas jovens do Brasil!
O jovem merece respeito, desse ou de qualquer governo! O jovem é coagido a votar nas eleições e cumprir seu dever de cidadão, mas merecemos ser tratados como tais não apenas na eleição mas em todo o ano! O adolescente, vestibulando, aluno de ensino médio, universitário, operário, agricultor e toda a sociedade clamam por seus direitos e o principal entre eles: o de ser tratado como Gente!

"O jovem no brasil nunca é levado a serio" ( Charlie Brown Jr)

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2010
Yan Oliveira e Carlitos Aragão.







Entre na nossa comunidade no orkut e nos siga no twitter: @UVJ_
Ajude-nos divulgando nossas futuras ideias na sua escola, trabalho, clube ou qualquer outro lugar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Vestibular (relembrando)

Duvidas...

Duvidas..

Duvidas .

Dúvidas
Dedicação
Auto-parasita
Morte social

Desespero
Lágrimas
Medo
Meditação
Sono

Sol
Confiança
Caminho
Guerra
Fila

Facilidade
Dificuldade
Pânico
Auto-controle

Nervosismo
Espera
Gabarito
Felicidade
Fim do mundo
Alegria de viver
Recomeço

Boteco
Consolar
Comemorar
Cerveja .

domingo, 31 de outubro de 2010

Rimas problematicas

Acariciar a vida...

Desentupir a pia...

Fugir das rimas,

que perseguem o dia-a-dia



Tenho estado tão barroco

entre o céu e inferno

já não sei o que faço

quando nascer meu verão


Sou um pássaro,

criado em cativeiro,

que aprecia as lutas dos gaviões,

mas teme abrir a porta

e voar da gaiola...


Faço poemas,

refletindo problemas...

os meus problemas,

os seus problemas,

os problemas deles,

os meus poemas...


Quero bancar o forte,

mas temo perder a sorte...

Quero ajudar seu inimigo,

mas sem abandonar seu abrigo...


Não quero ser estrela,

quero cortar,

quero martelar

a impunidade dessa gente,

a minha impunidade...


Mas eu odeio rimar

e nem isso eu consigo mudar.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Descosturem as paredes

Estou sempre preso,
em um cômodo vazio.

Um 2x2,
com paredes de pano colorido
tecidos,
como outros quaisquer
porém mais caros que a sua mãe!

Nessa parede tem quadros
fotos e molduras
de outra época que envergonha
de vergonhas futuras...

Não há portas...
Não há janelas...
não sei como vim parar aqui,
só sei que fui eu,
quem me trancou aqui!

Dos altos falantes no teto
só saem um som...
não é musica...
não é submusica...
não é som ambiente...

em um intervalo
são meus gritos
em um momento
são seus risos...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fragmentos

Fiz um comentario sobre esta postagem: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2010/10/como-mero-ativista-da-tfp-papa.html do blog "Naufrago da Utopia" que acabou se tornando um verdadeiro desabafo sobre as questões que tem me aflingido ultimamente ou pelo menos alguma delas e senti a necessidade de postar esse desabafo aqui. Como o comentario acabou se tornando uma carta ao autor e se separando em duas frentes, a primeira realmente um comentario sobre o tema do texto e a segunda sobre um desabafo sobre a minha geração, separei fregmentos e os classifiquei para quem quer que vá ler não encarar os assuntos como relacionados, são dois assuntos distintos e que você pode muito bem concordar com um e descordar do outro, ou descordar dos dois, ou concordar com os dois.. Só peço que se você tiver paciencia para ler tudo comente por favor, é realmente importante pra mim. Já estou escrevendo demais por aqui então lá vai:

1ª parte- Politica e Religião

"tem me incomodado demais essa intervenção ridícula das forças "religiosas" na política brasileira durante esse mês de outubro. Sou cristão (não católico ou protestante), mas acho que todos devem lembrar que nós vivemos num Estado Laico e que assim como todos tem o direito de escolher a religião que quiser também todos tem o direito de não ter religião nenhuma e de não querer deparar todas as manhãs com a figura de um homem sangrando até a morte em um instrumento de tortura medieval.

Incomoda-me também o fato de apesar de não ser nenhum um pouco a favor do governo Lula ou da Dilma ter que votar nesta para evitar que um político que baseia sua campanha em ataque a adversária e no TFP. Um político que pode ser comparado ao Xenófobo Sarkozy e suas leis anti-burcas."

2ª parte - Geração Ipods

"A letargia da minha geração. A juventude sempre foi símbolo da revolução, da mudança ou até mesmo da utopia. Porém a minha geração, pior do que a geração “coca-cola”, a geração “ipods” é ridícula! Uma geração sem representatividade política, que quando raramente faz protestos são na verdade micaretas disfarçadas. Uma geração sem produtividade nem mesmo no campo musical. O que vai nos representar no RockinRio 2011? Restart e Justin Bieber?. Uma geração que quando reproduz um ícone pensante é um simples papagaio do PIG! Tenho vergonha de participar dessa geração afundada na alienação e na mediocridade. E venho te pedir que me ajude a tentar mudar isso, o senhor que é de uma geração que lutou de verdade contra algo, me ajude a tentar criar um mínimo de consciência nessa juventude! Se a revolução não for ainda pra acontecer nessa geração que pelo menos nós tenhamos a consciência de que ela é necessária e que o mundo não gira em torno do nosso condomínio!"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pizza

Massa,
Molho,
Queijo,
Calabresa,
Ketchup...

Dentes,
Prazer,
Televisão,
Sono...

Política Brasileira!

Pazes

Abraça-me de desejo
Circunda-me de prazer
Afoga-me em teus beijos
Inundados de amor...

Ter-te me faz sentir
o prazer de olhar em seus olhos
e dizer que te amo

os beijos carnudos de paixão
me transcendem de versos,
que fogem pelo ar
voando aos seus pensamentos
conversando em cada olhar...

Porque amamos?

O amor é a forma de expressão
do nosso subconsciente,
masoquista e alucinado,
que ama o sofrimento
e a dor...

É por isso,
que mesmo quando
o amor é feliz e prazeroso
não ficamos satisfeitos...

o ciúme,
ou outro comparsa qualquer,
seqüestra-nos
e a dor impera novamente...

o
Amor
tenta ser Humor
mas nós o estragamos
e transformamos em Dor...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Gritos Roucos de Loucos Apaixonados

Um feixe de luz sobe
e estoura no céu...
Gritos que ecoam perdidos
no universo da noite...

Faixas tremulam
agitam suas bandeiras:
Rubro de sangue
Negro -de lágrimas- dos nossos ancestrais

Mesmo em maré baixa,
na garganta ecoa
os gritos do passado...
coração que explode
ao lado dos fogos vermelhos
do céu manchado de samba
com Tradição, Raça, Amor e Paixão.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ainda não, mas quem sabe um dia ?

O filme que passa na TV
é o mesmo de 3 anos atrás...

Mas os olhos que o assistem
mudaram sua cor,
e ao invés de brilharem
expressam olheiras cansadas
e sobrancelhas indignadas...

a boca que cantava alucinada junto com a tropa
hoje espuma xingamentos e críticas...

E o menininho irresponsável
É um bastardo dentro de sua classe social,
idealista e com sede de mudança, mas sem coragem...
um rascunho do que
um dia será um adulto consciente
e com gestos, roupas e amigos
compatíveis a sua revolta de adolescência

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Corta!

Quando era criança
imaginava que a vida era um filme,
ou um seriado,
e que tinha pessoas do outro lado da tela
me observando
e rindo.

Hoje já não tenho certeza
se sou o mocinho
ou o vilão...

Acho que sou apenas
um simples coadjuvante esquecido
nos capítulos da minha vida.


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Ler pode ser um consolo,
ou mais um remédio antimonotonia,
vicia,
mas é um vicio que cria.

Se for pra morrer
que seja de overdose literária
ou de intoxicação política.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sob o cobertor de estrelas

João não tem pai, não tem mãe, não tem pão,
Não tem emprego nem certidão...
Ganha a vida com seu chapéu furado
E um violão quebrado...

Dorme sobre lençol de seda pavimentada
coberto por diamantes distantes,
Acorda com um bom dia alegre
do guarda da praça
e seu amigo esbelto cassetete

Seus colegas de profissão
O chama de João, o poeta beberrão...

Na empresa onde trabalha
costumam dizer que ou você escreve
ou enlouquece...

Muitos escrevem o que vêem, o que sentem
O que passaram...

João escreve versos floridos,
regados à aguardente,
de amores que não teve
mas imagina nos jovens que passam
com suas donzelas,
e o ignoram,
de dia...

Os mesmos que a noite o percebem,
E com ele treinam seu muay thai
fazendo florescer seus versos de amor

De dia toca na esquina,
Com o chapéu estendido,
O olho inchado e os versos
agradecendo aos meninos pela inspiração noturna...

domingo, 3 de outubro de 2010

Lenta batalha de uma longa guerra...

Manhã cinzenta,
Chuva escorrendo do céu,
Suor misturado com sangue idealizado
escorrendo pela testa...

Depois de uma hora e meia
de espera,
de toda aquela incansável preparação,
com os cânticos ressoando na mente
o front de batalha durou menos de 30 segundos

6 tiros foram dados contra o inimigo
e talvez nem todos cheguem ao alvo
uma revolução sem mortos e quase sem parceiros
talvez inútil mas eficaz

Volto pra casa,
Com as lágrimas da derrota
caindo em meus ombros,

Não entendo porque
mas tenho um sorriso debochado no rosto,
uma sensação de dever cumprido
e uma ansiedade para a próxima batalha
daqui a 4 anos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Carta aos (e)leitores conscientes.

As vésperas das eleições presidenciais de 2010 trago uma novidade que não acontece a quase 2 anos aqui no blog que é um texto em prosa. Não foi opção, tentei diversas vezes escrever poemas de cunho político, como tantos outros que já fiz sobre temas relacionados, mas infelizmente todos acabavam se tornando monótonos, propagandísticos e superficiais. Talvez seja por acumulo de idéias, oriundas de tantos textos jornalísticos(logo, obviamente, em prosa) que tenho lido. Portanto terei que escrever desta maneira que respeito tanto quanto a poesia, mas que normalmente não consigo encaixar ao meu “estilo” em construção e diária metamorfose.
O que eu não queria era deixar de falar sobre alguns pontos deste vasto tema que é a política e que vejo como essencial para todos nós. Acredito, assim como Bertolt Brecht ou Felipe Neto, que falar sobre política e se interessar pela mesma não é questão de opinião ou gosto. A pesquisa eleitoral, o voto consciente e o debate/informação política deve ser uma obrigação de cada cidadão, independente da corrente ideológica, e a pessoa que não acredita e não pensa nisso não tem o direito de reclamar de nada que venha a parecê-lo ruim no governo, seja ele qualquer que seja. O “analfabeto político”, termo criado e muito bem colocado por Brecht, não tem o direito de reivindicar seus direitos, nem de reclamar da corrupção, ou do abuso de poder publico, ou da fila do hospital, ou de qualquer outra coisa, que quando ele teve a chance de tentar mudar ele preferiu assistir Passione ou jogar MiniFazenda no Orkut.
Além dos retardados que reclamam do horário político não pela má distribuição do tempo e sim por atrasar a novela e a cara-de-pau do “monopólio televisivo”, que eu não vou e debater agora por não conseguir acabar fazendo propaganda política, outro ponto que me incomoda bastante nessa época de eleições é a “lixarada” “política” que fica as ruas. Sobre esse assunto eu podia escrever mais, mas como já disse eu não sou muito bom em prosa e nem em disfarçar minha posição ideológica, portanto farei de minhas as palavras de um vídeo que eu vi no YouTube e achei simplesmente fantástico:

http://www.youtube.com/watch?v=lt9rOOiOEU0

Gostaria de falar mais coisas sobre esse tema tão vasto e que tanto me interessa, e espero que a vocês também, mas meu preconceito com textos longos impedem. Mas estarei disposto a debater com qualquer um que queira falar sobre o assunto antes ou depois das eleições. Lembrem-se sempre de não confiar apenas nos “jornalões” elitistas que tem o monopólio do poder midiático brasileiro, quem quiser recomendo dar uma olhada nos links aqui ao lado em “Informe-se de Verdade”. Só pra dar uma explicada aos desavisados são minhas 3 principais fontes informativas a “Agência Carta Maior” um editorial 100% online que na minha opinião é a melhor entre as 3 em épocas não eleitorais, tendo em vista sua imparcialidade clara, em defesa do governo petista, nessa época de eleições(pelo menos é algo contra o conservadorismo global/folha) o que a faz perder um pouco de credibilidade, o site das revistas “Carta Capital”(esquerda não declarada) e a “Le Monde Diplomatique Brasil” (não olhei o site esse mês por ter comprado a revista que está simplesmente fantástica, trazendo a tona os problemas em questão com a visão mais imparcial e séria que eu li no mês de Setembro).

Bom, é isso pessoal, espero que tenham gostado essa fuga do padrão dos “poemas de uma mente urbana perdida”. Obrigado pela atenção e bom voto consciente no domingo, independente de sua opção política, e um abraço especial aos eleitores do Plínio (=X) auhauhauahuah, desculpe, não resisti, apenas brincadeira.

Yan D.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Visita Noturna

Dormia tranquilamente
quando invadiram o quarto
Com uma pequena adaga
Eles fizeram o fio
de sangue semicircular a cabeça...

Não acordou...

Puxaram o tampo,
e deixaram o cérebro a vista
retiraram com cuidado
e jogaram no lixo...

Não acordou...

Colocaram o novo encéfalo
no lugar do antigo,
Depois costuraram carinhosamente
As duas partes frontais da cabeça
E foram embora...

Não acordou...

Quando acordou,
não havia nenhum vestígio
da visita na noite anterior
A não ser as novas ideias,
antagônicas à aparência e roupas,
o medo de assumi-las
e a cicatriz na testa.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Novo Blog

Olá amigos e leitores, hoje estou fazendo esta postagem apenas para comunicar que eu fiz um novo blog(independente desse) para expor meus desenhos/pinturas e quem sabe conseguir vender alguma tela!? Quem quiser dar uma passada lá para dar uma olhada fique a vontade.

Obrigado,
Beijos.


http://www.ihborrei.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Yago

Vida curta,

Curta como um borrão,

um borrão de tristeza e saudades

em vidas também curtas

mas não tão curtas

como a tua vida curta...

Teu mundo durante 3 meses

Foi a CTI de uma maternidade,

Tua casa um incubadora,

Teu berço as lágrimas de sua mãe...

Vida curta,

que deixara de herança

lágrimas, saudades, aprendizado...

e estes versos curtos,

do teu irmão mais velho

que não chegastes a ser apresentado,

mas que sente falta,

de algo que nunca teve,

mas foi feliz enquanto houve...

A perfeição das imperfeições

Manchas de tinta colorida
jogadas a esmo numa tela branca
me fascinam...

Sempre irei preferir
Filmes franceses, brasileiros ou italianos
A uma superprodução Hollywoodiana
Pra mim um Cannes
sempre terá mais charme que um Oscar...

Adoro o imperfeito,
o transgressor me encanta
por isso te amo.

Seus olhos verdes me enfeitiçam,
Seu beijo é viciante
e o seu jeito de dizer que me ama
tão melódico...

mas na verdade
não foi nada disso
que me conquistou...

São seus defeitos e suas subjetividades
Suas belezas “erradas”
Que a torna tão real... tão linda...

O jeito como seus olhos realçam
com o choro avermelhado,
As envolturas tão únicas e não-clichês do teu cabelo,
A maneira magnífica como reclama
Dessas imperfeições que a tornam tão perfeita
“Estou gorda”;”Sou muito magra”;”Meu cabelo ta horrível!”

Eu te amo, e te escolhi
Por te ver tão única,
tão diferente...

Por não ser um soneto com versos alexandrinos
Por ser uma tela tão abstrata e subjetiva,
Por ser um filme tão caseiro, tão simples,
Por ser você e apenas isso,
Comum e diferente...
Maravilhosamente minha.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Presente, futuro ou passado ?

As lágrimas daquela tarde
ainda ecoam na minha mente,
Os gritos daquela noite
ainda afogam meu peito...

Queria te pedir desculpas sinceras,
Sem nem saber ao certo o porquê,

Queria te embalar em meus braços
E dizer que tudo passou, que acabou,
Que as lembranças não me esfaqueiam mais,
Mas não posso mentir...

À noite ainda choro,
Choro de tristeza das lembranças
E de felicidade da esperança
Agora parece estar tudo tão bem,
Vamos ver daqui pra frente.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pensamentos Musicais

Danço pelo tempo,
Pelos acordes da nossa cultura musical...

Paro num botequim
tomo uma gelada com Noel,
saio da Província Independente de Vila Isabel,
Desço os arcos com Ismael,
Subo o morro com Cartola e Jamelão...

Ao lado de João Gilberto
observo a criação de uma nova bossa
que encherá Vinícius de saudades
que virá e passará
num doce balanço a caminho do mar...

Vejo as metáforas
De Chico ou Caetano,
Burlarem a censura...
Vencerem a ditadura...

Tomo um remédio anti-monotonia...
Vejo a vida começar agora,
vejo o mundo ser nosso outra vez,
e a gente não parou mais de cantar...

Volto ao presente,
Volto a minha geração,
e me envergonho...

Roubaram e padronizaram nossa cultura,
O que nem a Ditadura conseguiu calar,
nós mesmos calamos...
A voz rebelde da juventude
é agora um canto rouco e desafinado.

Os bambas viraram pagodeiros,
Os malandros funkeiros,
A Garota de Ipanema foi pros ares num meteoro,
A Malandragem de Meninos e Meninas,
Apertou restart e voltou pro começo do jogo.
O tempo parou...

Acabaram-se as letras pensadas,
Os acordes chorados,
As irreverências...

Nossos ouvidos choram
durante um ano inteiro,
a espera do Carnaval.

domingo, 19 de setembro de 2010

Homenagem ao meu preto

Carlos Eduardo Aragão de Souza Fernandes,
a principio parece um bobinho da cote,
aquele engraçadinho que é amiguinho de todo mundo,
que é ótimo na hora de falar merda mas ninguém bota a mão no fogo.

Acreditei nesse clichê no inicio,
mas logo depois quebrei minha cara/e descobri um preto safado,
que fala muita merda,
mas também é um cara guerreiro, amigo, sensível e maduro...

Um garoto que "vira homem"(ou será mulher?uahauha) hoje,
mas que já passou por problemas
-que muitas pessoas depois de velha não conseguem sair inteiras-
e não perdeu o sorriso largo e as piadinhas idiotas...

É esse homem guerreiro e alegre
que hoje
-apesar do pouco tempo de convivência(um pouco mais de 1 ano)-
eu posso chamar de amigo/e incluir entre a lista dos melhores.

Porque quando eu precisei de apoio
ele estava lá para tapar os buracos,
para arrancar um sorriso,
pra dar o abraço
que meus melhores amigos/não podiam me dar a distancia...

É por causa disso tudo
e mais um monte de coisas
que não lembro agora
que improvisei esses versos chavonicamente toscos e mal feitos
mas reais e com boas intenções,
pra falar que "Te amo cara, sabia ? Sério...",
e que espero do fundo do coração
que essa amizade seja mais do que uma amizade de colegial,
que não perdemos contato
e afeto,
porque eu quero ser ministro da educação no seu governo
(uahuahauhauah, zoa ;D)

Te amo cara, parabéns,
tudo de bom, vc merece mais do que ninguém ...
Beijunda
(do acionista majoritário com soberania compartilhada c/ Pedroca)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Retardatário emocional

Fumaça dissipada,
Água evaporada,
Luz apagada,
Sombra deturpada.

Tudo passou,
Um trem passou...
Algo se perdeu,
Algo se encontrou,
Alguém desembarcou...

O brinde não foi feito,
Pois a taça de vinho derramado,
Espatifou-se em milhares de cacos,
Chorados pelos céus de outono,
de um jardim encantado.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Filosofia - Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou morrer de fome

Mas a filosofia hoje me auxilia

Aviver diferente assim

Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodaque você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo

Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Noel de Medeiros Rosa-1933




É realmente incrivel como, talvez infelizmente, as grandes poesias/musicas críticas do/ao nosso país se fazem tão contemporaneas, independente da época, autor, métrica ou estilo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pintura Cotidiana

Andando pela rotina
E suas ruas movimentadas e barulhentas
Resolvi que hoje iria mudar o caminho

Entro numa dessas ruas adjacentes
-ruelas esquecidas-
Que sempre passamos,
mas nunca notamos.

Volto décadas no tempo...

Um velhinho barbudo vende balas na esquina,
-Lembram-me Monet,
com seu cigarrinho pendurado pela boca-
Vendo as crianças brincarem...

Sim! É incrível!
Três menininhos de seus 8 anos
Jogam bola na rua,
no meio da rua!Sem preocupações!
Que lugar perfeitamente tranqüilo, não?...

Mas de repente o presente brutal
Acorda-me do sonho risonho...

Um carro de cada lado da ruazinha...
Homens saem...
Pá, Pá, Pá!

...

Um cigarro no chão, afogado em sangue...
Uma bola furada, um choro abafado
Por tiros que não acabam...

Eles pintam de vermelho,
Sem qualquer técnica impressionista de Monet
A paisagem contemporânea.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Viver você

Parado.
no transito...
no meio dos anos...
A vida corre
loucamente entre o Trafego


Sinal vermelho...
Que saudade,
me dá um beijo ?


Sinal verde...


Vou correr,
Te seqüestrar em meu desejo
Te enraizar em meu peito.


Fugir do asfalto
Realizar sonhos árcades
Mas sem toda a métrica
e as velhas regras
Viver sobre as nossas regras,
viver sem regras


Viver de amor,
Me perfumar com teus beijos,
Relaxar em teu sono,
Na grama morrer ao teu lado,
e ressuscitar no amanhecer
para viver mais um dia você...

As cores dos seus olhos

Teus olhos verdes
E enfeitiçados
Não compararei as esmeraldas,
Ou a mares caribianos,
Nem ao menos citarei esperança de amor eterno.


Teus olhos verdes
Transcendem clichês
Lembram-me o vermelho,
do amor, da paixão,
do desejo...


Teus belos olhos verdes
me trazem uma branca paz
e me fazem romper um céu azul
com apenas esse olhar...
Que me inunda
de uma felicidade amarelada,
que me entorpece de multicores
fluorescentes e vibrantes,
me vicia e me encanta...


Com esses teus olhos verdes,
Cheios de encanto e feitiços,
que me fazem feliz a cada dia
como o desejo concedido pelo duende
no fim do arco-íris.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Inspiração


Fumaça, que se dissipa em todas as direções
se modifica em segundos,
Agora algo concreto e visível...
Não mais,
apenas memórias que não voltam atrás

Minha inspiração,
Devia está concentrada
Em um pequeno volume,
E alta temperatura.

Mas algum intrometido
Abriu a minha válvula inspiratória
E ela fugiu,
Se expandiu,
Se fundiu a atmosfera,
E eu fico aqui esperando sua condensação
E sua volta com a chuva.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Medo do escuro

Tá tão escuro,

Muito escuro...

To deitado? Aonde?

To amarrado, por quê?

Eles tão voltando...

Já nem sinto mais seus chutes,

Nem seus tacos de basebol,

Só tire essa mordaça,

Só me deixe gritar...

De repente, as vozes

(que antes diziam coisas incompreensíveis)

Sumiram...

As pancadas cessaram...

Eles não voltaram...

A dor está fundida a minha pele

E a escuridão condensou-se...

Será que morri ?

Tento me soltar,

Mas meu corpo não é mais meu,

Quero poder ao menos me debater...

Luz!

Estou em pá de novo, ___________________________________algo corre em minha testa,

Ao lado da cama...______________________________será sangue?... não, é suor _________________________________________Será possível, foi tudo só um sonho


...


Merda, tenho que ir, to atrasado pra aula...

domingo, 8 de agosto de 2010

Caminho Enevoado

Olho pra trás e vejo
Que por mais que eu tenha mudado,
As marcas do passado
Ainda estão lá,
Pintadas com tinta preta
Para sempre no muro da minha alma...

Todos os versos,
Todas as lágrimas,
Todos os sorrisos,
Todos os amigos perdidos,
Todas as amizades construídas,
Todas as fotos...
Tudo digitalizado e arquivado
No HD do meu coração...

Não me arrependo de nada...
Por mais idiota ou infantil,
Por mais que: “hoje eu faria diferente”...
Todos os erros, fases ou acertos
Foram o que me trouxeram até aqui,
Me carregaram e empurraram,
Me transformaram
nessa névoa duvidosa que vos fala...

Hoje a névoa começa a se dissipar
Começo a perceber meu novo eu...
Tenho consciência que ainda há muito a aprender,
Muito a caminhar e amadurecer...

As metamorfoses diárias ainda estão longe do fim
Mas hoje elas têm um sentido, uma direção...
A ordem começa a se fazer
Em meio ao caos de minhas idéias...
O caminho começa a se ladrilhar...
Mas nunca esquecerei das ruas de barro
que me trouxeram até aqui...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Rosa Branca

Alzirinha aos seus 9 anos
tinha cabelos morenos e pele alva,
Eram como as cores plásticas vibrantes
Que um dia pintariam a obra de arte de sua imagem adulta.

Seu sorriso refletia sua inocência
E seus olhos, puras intenções...

Num dia fresco de outono
na pequena aldeia de Trás dos Montes
onde morava com seus pais e irmãos,
Alzirinha aproveitava o momento de descanso
Do trabalho na vinícola,
E passeava alegremente pelo campo que rodeava os Montes...

Encontrou um broto de rosa branca caída
Aos pés do roseiral de D. Almerinda,
Alzirinha entristeceu-se ao pensar que aquela flor,
Estava prestes a morrer antes de florescer...
Alzirinha a resgatou,
E a plantou no seu lugar preferido do campo...

A menina levou a rosa para a beira do penhasco
Onde ela levava sua única boneca pra tomar chá,
Onde seu pai colhia as uvas para o vinho do patrão
E onde seu avô a tempos remotos escrevia os mais belos fados...

O penhasco tinha uma linda vista,
Donde se via toda a aldeia,
E o campo ao redor...
E muito além...
Para Alzirinha de lá ela podia ver toda Portugal...

Todos os dias ela ia cuidar do broto,
Até chegar o inverno,
e sua mãe a proibir de ir brincar tão longe...

Alzirinha no início ficou preocupada com sua nova amiga,
Passando pela chuva e neve...
Arrependeu-se de tê-la plantado num lugar com tanto risco de desabamento,
Chorou todas as noites do inicio de inverno
Mas a alvura da neve e o trabalho pra ceia de natal
Acabou afastando suas preocupações com o broto...

No primeiro dia de primavera,
No dia de seu aniversario de 10 anos,
Alzirinha foi passear no campo
Havia ganhado uma linda boneca que a filha do patrão enjoara
E estava ansiosa para mostrá-la o lugar mais belo de Portugal.

Quando chegou perto da ribanceira,
Viu a mais bela rosa Branca florescer...
Não se lembrava mais como ela tinha chegado ali...
Mas entendeu que apesar de todo o frio e chuva do inverno português,
Deus havia lhe reservado um belo presente de aniversário.
A mais bela rosa no mais belo lugar de sua inocência infantil.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Reflexões de uma noite estrelada

Escalei as escadas do meu prédio,
Subi ao terraço estrelado,
Vi de cima, toda a podridão da sociedade...
Toda aquela ostentação de luxo me enojou,
Vomitei...
Gritei...
Xinguei...

Vi do alto toda aquela merda estúpida,
Falei tudo que estava prezo na minha garganta a muito tempo...
Mas ninguém ouviu..

Subi ao topo,
Para tentar entender
Como chegamos no fundo do poço...

Será que a culpa é da TV?
Será que a culpa é do dinheiro?
Dos nossos pais?
Das cores?

Não a culpa é nossa...
Do nosso egoísmo e arrogância,
De pensar que a sociedade não precisa mais de gritos,
De musicas serias e críticas,
De garrafas de vodka aladas,
Ou lutas contra a ditadura da desigualdade,
Do monopólio informacional,
Ou concentração rural...

Desci das nuvens a pé,
Com esses versos anotados no papel,
Rouco de tranqüilidade
E o Blues da Piedade tocando em minha cabeça

“Vamos pedir piedade,
Senhor piedade,
Pra essa gente careta e covarde...”


sexta-feira, 23 de julho de 2010

23 de julho de 2010

Um dia com gosto de bolinho de chuva,
Pudim de leite e bolo de fubá...
Com cheiro de casa de vó,
Cheiro de rabanada, bacalhau e felicidade...

Um dia de volta a infância,
Dia de lembranças,
Que passou-se mudo,
Preto e branco, câmera lenta
E que terminou com uma tela escrita "Fim"
E uns trocadinhos pro netinho...

Um dia comum pra todos,
Mais um dia de praia nas férias para alguns,
Ou de suor, pra outros,
Mas pra mim um dia especial...
Pra mim e pra vovó orgulhosa...
O dia que voltei aos anos
Numa casinha antiga numa vila do Grajaú.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Instante de Alegria

Está chovendo lá fora...
Já não importa, nada mais importa...
Minhas dúvidas, questionamentos,
Não me incomodam mais...
Marx, Obama, Lula, Osama...
Vestibular, Eleições, passado, futuro...
Nada mais faz sentido...

Nada disso existe,
Apenas o que sinto é aquele instante...
Eu, você e nosso amor...

Seu perfume inunda o ar,
Nossa paixão acorda o prédio,
Ecoa pelas ruas vazias
De uma tarde de inverno,
E em um instante...

A alegria e o silencio.

domingo, 18 de julho de 2010

João do Samba

6:25 de uma terça feira,
João levanta cedo,
Mesmo sendo sua folga no plantão,
É o costume...
João é sambista e gari nas horas vagas.

Toma uma ducha gelada,
Veste uma blusa branca de flanela e uma calsa jeans,
Pega o violão e vai para o escritório...

Senta na cadeira de madeira,
Seu secretário: S. Manel,
Traz uma cervejinha e uma caneta ...

João sai do boteco quando os primeiros fregueses começam a chegar,
Algumas garrafas no caderninho de Manel
E mais alguns sambas no seu próprio caderninho,
Ele ainda tem fé:
“Amanhã Manel, vou levar pra mostra pro pessoal da gravadora,
Eles vão se encantar, esse aqui ó, acho que foi o melhor que eu já fiz”
Manel sabe que não vai dar em nada
-ninguém mais compra samba de raiz hoje em dia-
Mas não tem coragem de desapontar o freguês, e amigo...

João sai meu cambaleante do seu estúdio,
Radiante de alegria e esperança,
Começa a atravessar a rua e então...

O motorista do ônibus estava distraído demais,
Ouvindo o que a senhora acabara de lhe contar o que via na TV,
Não dava pra acreditar...

Data:11 de Setembro de 2001,
Enquanto o mundo inteiro chorava a queda
De um dos símbolos do capitalismo,
Apenas Manel chorava a morte
De um dos grandes sambistas de boteco do nosso país,
Assim como Noel, Sargento, Arlindo ou Zeca...
João só precisava ser descoberto,
E mostraria seus lindos sambas "
compostos com cevada,
Simplicidade, solidão,
E saudade da mulher amada."

sábado, 17 de julho de 2010

Mais uma vitória do Monopólio

Bancas de jornal em luto,
Praias e botequins derramam lágrimas...
O Jornal do Brasil e sua tradição,
Não serão mais impressos.
E ninguém mais fará oposição ao Globo no Rio.

A exclusão do JB na internet
Representa um ponto a mais
Para a mídia oligárquica brasileira
No placar informacional!

Acabou!
Não há mais jornais sérios nas bancas,
A informação verdadeira está restrita
A uma internet
Para 3% da população
Ou revistas semanais/mensais
Caras de mais...

Bancas de Jornal em luto,
Praias e botequins derramam lágrimas...
E ninguém reivindica uma solução
Pra esse monopólio de informação?



http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16806

A arte dos verdadeiros poetas

Vencer censuras e preconceitos
Disfarçar todo um mundo de idéias
Em poucos versos...

Esconder fraquezas nas entrelinhas,
Camuflar trejeitos em metáforas,
Brincar com a subjetividade...
E fazer se entender apenas quem interessa...

Quando souber escrever e esconder,
Como os verdadeiros poetas...

Serei um verdadeiro “fingidor,
Fingirei tão completamente,
Que chegarei a fingir que é dor a dor o que deveras sentirei.”
Serei sim um poeta,
Um verdadeiro poeta ...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Convite a Nação

Considerava-te um ídolo,
Hoje sinto nojo de você...
Tenho vergonha de vestir tua camisa,
Com tua assinatura,
Que fiquei tão feliz em conseguir...

Mas com ou sem Bruno
-assassino ou não-
O vermelho e preto
Ainda flama em meu peito

Posso ser capitalista ou comunista...
Católico, espírita, budista ou ateu...
Posso fazer História, Letras, Jornalismo ou Engenharia...
Posso votar na Dilma, no Serra ou na Marina...
Posso nem ser mais eu...

Mas ainda serei Flamenguista.

Meu amor de infância,
Minha única instituição,
Não vai ser assim tão facilmente destruída,
Por um idolo na rede que se tornou vilão na televisão...

O que você fez além de desumano,
Nojento, vergonhoso e burro,
Foi humilhante,
Não só pra você,
Mas pra toda uma nação
Que enchia a boca pra gritar que você,
Era o melhor do Brasil.
Carregar seu nome no peito,
Ao lado do escudo de coração...

Faço um convite aos meus 33 milhões de companheiros:
Não deixem de usar a camisa do Goleiro,
Pois antes de tudo ela faz parte do uniforme do Flamengo,
Botem uma faixa preta no nome desse marginal,
E saiam a rua em um protesto silencioso,
Contra a corrupção
e outros fatos vergonhosos,
que vem sujando o nome do maior time de futebol do mundo,
que é muito mais que isso,
é nossa religião.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fumo Melancólico

Destruir o meu pulmão
É a única forma
De esquecer as dores em meu coração...

Desfazer o câncer amoroso,
Promovido pela mutação do meu estado de espírito,
Mutação da alegria de (nossos) antigos problemas,
Para (meus) problemas solitários
E tristeza inóspita
Estabelecida pela radiação de teus sentimentos mutantes...

Que falta sinto de tuas carícias,
Que vazio tu me faz...
Vazio preenchido pela fumaça de um cigarro
E as lagrimas dos meus versos abandonados...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Penhasco

Como faço para tirar esse vazio que se instalou em meu peito?
Esse vazio instalado por você,
Desde que você me abandonou...
Me empurrou neste penhasco sem fim,
No qual eu caio mais e mais...
E aumento a velocidade a cada instante...

Porque não chego logo no chão?
Virar lama e pó...
Porque não arranco meu peito,
Para assim a solidão emanar
Junto com o sangue de minhas entranhas...

Não paro de cair...
Jogue a corda, por favor...
O chão não vai chegar?
A pressão em meus tímpanos está aumentando...
Só queria conseguir parar de chorar...

Manhã de segunda

Já não sei o que fazer, eu não vivo sem você...
Um dia que sabe você volta, ou eu consigo esquecer... Mas e até lá?
Lentamente vou caminhando, entre os dia que vão passando...
Inativo,[chorando],invisível,esperando...
Ah, que falta você faz... (ah, que saudades de você)

domingo, 4 de julho de 2010

Espetáculo particular.

A Sociedade não precisa de mais revoluções?
Como não? Uma sociedade tão desigual...
Com tantos iguais diferentes...

Mas entre tantos problemas,
Por qual lutar? Qual defender?

Qual barco remar?
Qual camisa vestir?
Qual bandeira flameja em meu peito...
Em minha consciência?...

Perguntas transformadoras,
Que formam minha identidade
E minha personalidade,
Estou em uma constante e diária renovação,
Em um constante e diário questionamento,
Mergulhado em constantes e diárias perguntas e respostas,
Que geram novas perguntas que tem respostas que geram mais perguntas...

Primeiro tenho que descobrir quem sou,
Me identificar dentro dessa Sociedade desigual
Ver meus meios e minha situação,
Saber meus interesses e minha emoção,
Depois procurar,
Procurar algo pra lutar,
Um ideal...um pensamento
Pelo qual defender...

Nem que seja com uma caneta e papel,
Em um blog, um livro ou com tintas...
Giz ou tablado,
Devo apenas mudar o espetáculo...

A certeza da Dúvida .

Dúvidas são o sopro da vida,
E da minha juventude...
Graças a elas reflexiono...

O vento e o sol
Me trazem uma visão cartesiana do mundo,
Uma visão que me faz concluir
Que para pensar e existir
Devo duvidar, para então reflexionar...

Reflexionar e viver...
Reflexionar é viver...

As duvidas são o alpiste que traz meus versos pelo ar,
Num vôo de pensamentos incompletos e metáforas ruins.
São os primeiros frutos de uma mente urbana perdida
Que está sempre respirando,
Sem fotossíntese,
Mas buscando alimento e crescendo... aos poucos... mas crescendo...

Venha apreciar a metamorfose...
Do garotinho hiperativo que queria ser astronauta,
Que hoje é um adolescente curioso que sonha em ser poeta,
E um dia será um adulto intelectual que lutará
Para semear em outras mentes curiosas
A mesma certeza de sempre:
Todos somos iguais, nossas duvidas é o que nos diferencia...

Quem sou eu a criticar ?

Eu critico a juventude,
Essa juventude sem utopias,
Sem espírito de revolução...

Critico a classe média,
Que se tranca em sua própria prisão,
Pra poder enriquecer mais e mais,
A custa do fome e miséria de outros,
Sem encarar as conseqüências,
De seu sistema imundo...

Mas quem sou eu?
Quem sou eu a criticar?

Mais um adolescente,
Alienado pela televisão e ipods...
Que escreve criticando a sujeira,
Do sistema que o sustenta,
Dentro das grades do seu condomínio...

Escrevo denunciando a sujeira,
Do sistema defendido por meus pais,
E meus colegas,
Escrevo para uma internet elitizada,
Com o computador pago pelo sistema sujo e injusto
Do mundo capitalista...

Quem sou eu a criticar?

Estou preso e “seguro” num casulo,
Em um bairro da classe media,
Mas dentro do casulo passo por uma metamorfose cotidiana,
Aguardando o momento de quebrar o casulo
E voar...
Voar para polinizar novas idéias pelo mundo...

sábado, 3 de julho de 2010

E agora, mané ?

Oh, o que será de mim sem você ?
Sem você não sei viver,
Sem você não terá mais amanhecer ...

Não consigo nem ao menos
canalizar meus sentimentos
em versos e metáforas clichês...

Pego o lápis,
olho para o papel,
as lágrimas surgem,
logo me consomem,
virão um lamurio, e depois uma convulsão...
cigarros e mais cigarros jogados fora...
latas e mais latas...
nada mais me acalma,
nada mais tira esse aperto de meu peito,
esse vazio que se instalou em mim...
e nada mais faz sentido, sem você...

"Vai minha tristeza,
e diz a ela,
que sem ela não há paz,
não há beleza,
é só tristeza,
melancolia que não sai de mim,
não sai de mim,
não sai..."

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desabafo

As pessoas mudam...
Mudam seu jeito de pensar,
Seus interesses,
Seus gostos,
Seus hobbys...
Mudam sua forma de ver o mundo

É natural,
Acontece ou vai acontecer com qualquer um...
Eu, você, fulano e sicrano

O problema é quando essa transformação
Acontece rápido demais,
Depressa demais...

E não é acompanhada pelas pessoas a sua volta,
Ou não dá tempo de serem traçados laços
Com pessoas
Que tenham o mesmo modo que você

Quando isso acontece
As conseqüências são catastróficas,
Você fica sozinho,
Se sente o errado da sociedade,
Errado por criticar a sociedade,
Errado por ser diferente da massa da sociedade,

Aquela massa que ouve funk e Beyonce,
Aquela massa que segue os padrões globo de qualidade,
Que escolhem a profissão pensando em quanto vai ganhar,
Aquelas pessoas que acham que cultura é ir ao cinema todo sábado
(não menosprezando o cinema)
Que ler é coisa de idiotas e poesia motivo de chacota...

O maior problema é que essas pessoas,
Essas pessoas eram tudo que você tinha,
Era o que você considerava seus melhores amigos...
Mas hoje são tão diferentes de você,
E se mostram tão cruéis...
Ao debochar do seu novo ser ...

Mas o pior não é o deboche,
O pior não é a desilusão,
O desapontamento,
O pior não é a “ridicularidade” dessas pessoas,
O pior,
O pior de tudo,
O pior de tudo é a solidão.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mais alguns versos de amor

Escrever de amor é tão normal,
Ah, o amor ...
O mais belo e doloroso clichê ...


O mais antigo tema
De tantos poetas, de tantos poemas

Já relatado de todas as formas,
De todas as cores
De todos os meios e pontos de vista
Poemas, filmes, romances, músicas, pinturas ...
Doloroso, feliz, correspondido ou platônico ...
Sempre o Amor !

Porque eu, logo eu ?
Um adolescente qualquer
Que sonha em um dia ser um poeta,
Mas ainda faz textos tão inúteis,
Preso a rimas e vícios,
Que vem evoluindo a cada verso de cada poesia,
Mas ainda tem muito a crescer,
Ver, aprender e viver ...

Porque eu, logo eu
Conseguiria escrever
Sobre algo tão escrito e comentado?
Como ser original?
Como fazer um bom trabalho?

Mais fácil parar de escrever
Ir atrás de você, te reconquistar ...
E o amor viver .

Errar ...

Erros vem, erros vão ...
Poucas causas, muitas conseqüências ...
Erros sim, erros não,
Erros humanos e cotidianos,
Erros intoleráveis ou insuperáveis
Erros certos,
Erros maléfico, ...
Ou apenas erros .

Sempre a procura de um perdão ...

Sempre a procura de perdão ...

Sempre a procura do teu perdão.

Smiles

Sorrir,
Ato tão belo e natural para alguns,
Tem sido tão incoerente e difícil pra mim,
Mas nem sempre foi assim,
Na verdade,
Até ontem não era assim ...

Ah!, Flexionar as bochechas,
Expor a arcada dentaria como obras de arte,
Ah, um bom sorriso ... será que ainda consigo ?

Não, não, não ...
Há bolas de ferro em minhas covinhas,
Elas empurram meu rosto, e puxam meu coração ...

Procuro no movimento caótico da cidade,
Alguma solução.

A chuva molha meu rosto,
Se confunde em minhas lágrimas
Traduz a tristeza
Que inunda meu corpo ...

Ah!, que saudade de você,
Que saudade de viver,
Que saudade de sorrir ...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Mais um copo, mais um verso

Amigos num bar
Garrafas na mesa
Rimas começam a se formar
Em minha cabeça

Palavras soltas
Metáforas rebuscadas
Simplicidade complexa
Complexidade vazia

Num guardanapo as anoto
Tentando formar uma poesia
Eis que surge um violão
Meu poema é musicado
E mais um samba acontece

Mais um samba improvisado
E esquecido

Mais um samba,
Mais um sonho,
Mais uma noite de verão,
Mais um bar no Rio de Janeiro,
Mais uma roda de amigos,
Gênios esquecidos
Ou idiotas extrovertidos ?

Palmas

Bandeiras
Faixas
Cornetas
Propagandas

Amarelo
Azul
Verde
Branco

Palmas, palmas,
Ó que mais belo show,
Do grito do nacionalismo
O povo se lembrou...

Palmas, palmas,
Olha que maravilha
De quatro em quatro anos
Se quebra a rotina

De quatro em quatro anos
O Brasil se lembra
De ser brasileiro ...

Vestibular

Duvidas...

Duvidas..

Duvidas .

Dúvidas
Dedicação
Auto-parasita
Morte social

Desespero
Lágrimas
Medo
Meditação
Sono

Sol
Confiança
Caminho
Guerra
Fila

Facilidade
Dificuldade
Pânico
Auto-controle

Nervosismo
Espera
Gabarito
Felicidade
Fim do mundo
Alegria de viver
Recomeço

Boteco
Consolar
Comemorar
Cerveja .

sábado, 19 de junho de 2010

Estrela .



Coração bom,
Honesto,
Amigo fiel,
Bom filho,
Exemplo de namorado,
Exemplo de pessoa

Jorge Henrique, o Kiko,
Tinha todas as qualidades
Necessárias para um bom advogado,
Bom médico, escritor, engenheiro,
Jornalista, publicitário, ator,
Cantor, desenhista,
Poeta, ...

Porém entre todas essas qualidades
Kiko escolheu outra
A que ele era melhor
E a que o deixava mais feliz
Fisicamente – pela adrenalina –
E economicamente

Kiko voava

Kiko corria pra viver
E correu pra morrer

Nas ruas da Zona Sul,
Da Tijuca, da Barra
De Niterói ou da Lapa,
Melhor malabarista não tinha

Sim, malabarista,
Pois o que ele fazia era
Um verdadeiro malabarismo
Com o tempo, entre espaços,
Curvas ou buracos,
Vida e a morte.

Nunca falhou,
Sempre desviando da morte,
Numa exatidão milimétrica,
Sempre um segundo na frente .

Um dia, porém,
Alguma alma fraca
E desalmada
Deixou a morte
Queimar largada.

Kiko pela primeira vez
Foi ultrapassado (apenas pela indesejada)
Primeira e ultima vez,
Ultima e primeira vez.

Como sua jaqueta de couro dizia
Kiko era uma estrela do asfalto
Que como o padre Valentim narrou
Foi transferida para o céu

Sua equipe agora é uma constelação
Que brilha todas as noites
Como sempre brilhou na terra
Iluminado pra sempre em nossas lembranças .






Poema dedicado à Jorge Henrique da Costa Medeiros (5/12/88 – 13/3/09),

O Kiko .

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Natureza Viva


Natureza,
Cercada de cimento e aço,
Ainda viva,
Ainda na busca da vida

Luta,
Luta pelo bem,
Uma guerra travada a cada dia
Por que ? pra que ? contra o que ?

Por nós,
Pra nós,
Contra nós.

Tentamos destruir
E esconder
Atrás de colunas de melancolia,
Embaixo dos panos de asfalto.

E ela tenta nos proteger,
A cada dia, nos salvar,
De nós mesmos,
De nossas idéias e desenvolvimento.

Nós criamos prédios,
Para tampar o céu,
Mas todo dia o sol nasce,
Para nos esquentar e proteger

Tentamos envenenar o oceano
Que trás o sorriso ao rosto de uma criança
A inspiração ao poeta
E o consolo ao apaixonado

Guilhotinamos as florestas
Que durante tanto tempo
Foi a mãe e pai de nossos antepassados
Logo, nossos antepassados

Somos filhos da natureza,
Da floresta, do mar, do vento, do sol
Somos água e vento
Dentro de um corpo de barro

Mas ainda assim não percebemos
Que ao destruir a natureza
Estamos a nos destruir

A Natureza é Deus,
O Homem é a imagem e semelhança de Deus,
O Homem é a Natureza .

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Medo, Honra, Covardia e Coragem.

E quando a revolução chegar,
Se chegar,
Como será ?
Como o povo agirá ?

Muitos se negarão
Serão contra o distúrbio
Da paz e da tranqüilidade,
Que eles criaram,
presos dentro de suas próprias grades

Mas haverá os que lutarão
Que sairão da prisão
de seus casulos
Em nome da sociedade

Chegará um momento,
Em que os que foram contra o progresso
Enfrentarão
Tentaram conter
Os que estão a pensar no povo

Essa repressão será pesada
Muitos cairão
Muitos irão trair seus amigos
E muitos desistirão

Terá aqueles que lutaram por um tempo
Mas diante do medo
Mostrar-se-ão covardes
E correrão de volta para as grades
Do casulo da desigualdade

Mas nem todos serão tão desprezíveis
Haverá os de coração puro,
Espírito de liberdade
E nojo perante a covardia de seus “aliados”

Esses continuaram a lutar,
Esses talvez morrerão
Mas morrerão pelo bem dos que hão de sobreviver,
Dos que se amedrontaram no momento crucial
E dos que reprimiram o povo em nome de seus próprios interesses

Dos prisioneiros de seus casulos
E das vitimas de sua segregação
Das forças de repressão
E de toda Sociedade


Esses escreverão diários,
Diários de sangue,
Livros de bravura,
Relatos da luta
Que mostrarão para as próximas gerações
O heroísmo de seus antecessores
Que lutaram e perderam suas vidas
Pela melhora da condição de vida de outros

Muitos se sobrevivessem não ganhariam nada
Em termos materiais
Com a revolução
Talvez até seria prejudicial
Mas ganhariam por outro lado
O direito de viver uma sociedade menos desigual
E mais feliz .

sábado, 1 de maio de 2010

Rotina

Segunda, Terça, Quarta, Quinta
Correndo tranquilamente
Um atrás do outro
Os dias vão terminando

Vão passando
Vazios cronológicos
Nada de novo acontece
E a morte vai chegando

A sociedade falida
Numa louca e constante rotina
A sociedade perdida
Num incompleto e vazio dia-a-dia

Nada de revolução
Nada que mude a hipocrisia
Do capeta sem coração
E sua mania de histeria

A juventude de ontem
Que lutou contra a opressão
Hoje é quem impõe
Sobre nós a repressão (?)

Repressão que nada
Nós somos os culpados
Essa juventude passiva
Sem a procura por resultados

Organizamos passeata
Como forma de diversão
Botar fofocas em dia,
Fazer comunidade no Orkut
E musicas de baixaria

Somos uma juventude sem cara
Sem atitude e opnião
Uma juventude burguesa
Que nem ao menos quer sua libertação

Segunda, Terça, Quarta, Quinta
Correndo tranquilamente
Um atrás do outro
Os dias vão passando .

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quem confiar ?

Em quem confiar ?
O mundo está ao avesso
Não se pode explicar
Tudo gera submissão e medo
É difícil acreditar .

Crianças atrás das grades
Pais matando próprios filhos
Compramos nossa “liberdade”
Dentro da prisão dos condomínios

Proibiram a felicidade
Quem quiser que suba o morro
E vá comprar da bandidagem
E depois pedir socorro

Bandidos são os heróis da favela,
Monstros da burguesia
Causadores de choro e vela
De um povo de hipocrisia

Botecos de esquina
Onde se afoga o suor
Se forma a rima
Do samba alegre
Da tristeza do dia-a-dia

Os protetores legais
Verdadeiros monstros da nação,
Corruptos desleais,
Sem ética, sem religião

Caverão vai te pegar,
Sua alma vai roubar
Nós burgueses cheios de veneno
Pensaremos: é um favelado a menos

A verdade não é mais uma
Muda de acordo com quem escreve
Ser de direita ou esquerda, não sei,
Minha arte que me leve

Me leve embora daqui
Se não, não vou conseguir
Passar os dias assim
Esperando o fim

Áreas de lazer do consumo
Jogos de amor da corrupção
Qualquer dia desses eu sumo
Não quero mais lutar em vão

Lutar para lembrar,
Descobrir,
Ou inventar,
Se for possível existir,
Alguém em quem confiar.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O que é o tempo ?


O que é o tempo?
O tempo se mostra indiferente as necessidades humanas
Ele passa e com ele tudo leva
Ele arranca dos homens as concepções mais insanas
E as amadurece de maneiras estranhas

O que é o tempo?
Ele pode ser cruel ou consolador
Os meses se passam da perda de alguém
E a lembrança e a saudade destroem os corações que ficaram
Os anos se passam da perda do mesmo alguém
E a conformação e novas provações transformam
Lágrimas em lembranças felizes

O tempo pode ser tudo
E ao mesmo tempo é nada
Transcende nosso conhecimento
E é a única certeza de nossa alma

O tempo passa para todos
Trás tristezas e felicidades
Acompanha cordeiros e lobos
Trás medo e coragem

O tempo nos faz crescer
Lutar e permanecer
O tempo nos faz pensar
Amadurecer e repensar

O que é o tempo?
Passado, futuro ou presente?
O que ele leva e traz no vento?
O que ele mostra a nossa mente?