quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sob o cobertor de estrelas

João não tem pai, não tem mãe, não tem pão,
Não tem emprego nem certidão...
Ganha a vida com seu chapéu furado
E um violão quebrado...

Dorme sobre lençol de seda pavimentada
coberto por diamantes distantes,
Acorda com um bom dia alegre
do guarda da praça
e seu amigo esbelto cassetete

Seus colegas de profissão
O chama de João, o poeta beberrão...

Na empresa onde trabalha
costumam dizer que ou você escreve
ou enlouquece...

Muitos escrevem o que vêem, o que sentem
O que passaram...

João escreve versos floridos,
regados à aguardente,
de amores que não teve
mas imagina nos jovens que passam
com suas donzelas,
e o ignoram,
de dia...

Os mesmos que a noite o percebem,
E com ele treinam seu muay thai
fazendo florescer seus versos de amor

De dia toca na esquina,
Com o chapéu estendido,
O olho inchado e os versos
agradecendo aos meninos pela inspiração noturna...

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