sábado, 20 de fevereiro de 2016

A cobra, a onça, a tela e o céu.



Se, como nos alerta Davi Kopenaua, para que o céu não caia sobre nossas cabeças é necessário que os brancos deixem de sonhar apenas com si mesmos e aprendam a sonhar com e como os índios, qual melhor instrumento poderíamos ter para conseguir isto do que a velha máquina criadora de sonhos? Com "O Abraço da Serpente", na minha humilde e ainda extremamente impactada opinião, o cinema alcança um novo estágio de seu poder sobre o inconsciente coletivo, em duplo sentido: ao mesmo tempo que, por um lado, está sendo pela primeira vez absorvido e deglutido em sua plena perfeição estética pelos espíritos e pela sabedoria da Floresta está, também, ao sofrer tal antropofagia, se elevando a um estatuto inédito de arte criadora de mitos que regerão a música dos caminhos futuros, se eles vierem para nós.

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