terça-feira, 27 de julho de 2010

Reflexões de uma noite estrelada

Escalei as escadas do meu prédio,
Subi ao terraço estrelado,
Vi de cima, toda a podridão da sociedade...
Toda aquela ostentação de luxo me enojou,
Vomitei...
Gritei...
Xinguei...

Vi do alto toda aquela merda estúpida,
Falei tudo que estava prezo na minha garganta a muito tempo...
Mas ninguém ouviu..

Subi ao topo,
Para tentar entender
Como chegamos no fundo do poço...

Será que a culpa é da TV?
Será que a culpa é do dinheiro?
Dos nossos pais?
Das cores?

Não a culpa é nossa...
Do nosso egoísmo e arrogância,
De pensar que a sociedade não precisa mais de gritos,
De musicas serias e críticas,
De garrafas de vodka aladas,
Ou lutas contra a ditadura da desigualdade,
Do monopólio informacional,
Ou concentração rural...

Desci das nuvens a pé,
Com esses versos anotados no papel,
Rouco de tranqüilidade
E o Blues da Piedade tocando em minha cabeça

“Vamos pedir piedade,
Senhor piedade,
Pra essa gente careta e covarde...”


sexta-feira, 23 de julho de 2010

23 de julho de 2010

Um dia com gosto de bolinho de chuva,
Pudim de leite e bolo de fubá...
Com cheiro de casa de vó,
Cheiro de rabanada, bacalhau e felicidade...

Um dia de volta a infância,
Dia de lembranças,
Que passou-se mudo,
Preto e branco, câmera lenta
E que terminou com uma tela escrita "Fim"
E uns trocadinhos pro netinho...

Um dia comum pra todos,
Mais um dia de praia nas férias para alguns,
Ou de suor, pra outros,
Mas pra mim um dia especial...
Pra mim e pra vovó orgulhosa...
O dia que voltei aos anos
Numa casinha antiga numa vila do Grajaú.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Instante de Alegria

Está chovendo lá fora...
Já não importa, nada mais importa...
Minhas dúvidas, questionamentos,
Não me incomodam mais...
Marx, Obama, Lula, Osama...
Vestibular, Eleições, passado, futuro...
Nada mais faz sentido...

Nada disso existe,
Apenas o que sinto é aquele instante...
Eu, você e nosso amor...

Seu perfume inunda o ar,
Nossa paixão acorda o prédio,
Ecoa pelas ruas vazias
De uma tarde de inverno,
E em um instante...

A alegria e o silencio.

domingo, 18 de julho de 2010

João do Samba

6:25 de uma terça feira,
João levanta cedo,
Mesmo sendo sua folga no plantão,
É o costume...
João é sambista e gari nas horas vagas.

Toma uma ducha gelada,
Veste uma blusa branca de flanela e uma calsa jeans,
Pega o violão e vai para o escritório...

Senta na cadeira de madeira,
Seu secretário: S. Manel,
Traz uma cervejinha e uma caneta ...

João sai do boteco quando os primeiros fregueses começam a chegar,
Algumas garrafas no caderninho de Manel
E mais alguns sambas no seu próprio caderninho,
Ele ainda tem fé:
“Amanhã Manel, vou levar pra mostra pro pessoal da gravadora,
Eles vão se encantar, esse aqui ó, acho que foi o melhor que eu já fiz”
Manel sabe que não vai dar em nada
-ninguém mais compra samba de raiz hoje em dia-
Mas não tem coragem de desapontar o freguês, e amigo...

João sai meu cambaleante do seu estúdio,
Radiante de alegria e esperança,
Começa a atravessar a rua e então...

O motorista do ônibus estava distraído demais,
Ouvindo o que a senhora acabara de lhe contar o que via na TV,
Não dava pra acreditar...

Data:11 de Setembro de 2001,
Enquanto o mundo inteiro chorava a queda
De um dos símbolos do capitalismo,
Apenas Manel chorava a morte
De um dos grandes sambistas de boteco do nosso país,
Assim como Noel, Sargento, Arlindo ou Zeca...
João só precisava ser descoberto,
E mostraria seus lindos sambas "
compostos com cevada,
Simplicidade, solidão,
E saudade da mulher amada."

sábado, 17 de julho de 2010

Mais uma vitória do Monopólio

Bancas de jornal em luto,
Praias e botequins derramam lágrimas...
O Jornal do Brasil e sua tradição,
Não serão mais impressos.
E ninguém mais fará oposição ao Globo no Rio.

A exclusão do JB na internet
Representa um ponto a mais
Para a mídia oligárquica brasileira
No placar informacional!

Acabou!
Não há mais jornais sérios nas bancas,
A informação verdadeira está restrita
A uma internet
Para 3% da população
Ou revistas semanais/mensais
Caras de mais...

Bancas de Jornal em luto,
Praias e botequins derramam lágrimas...
E ninguém reivindica uma solução
Pra esse monopólio de informação?



http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16806

A arte dos verdadeiros poetas

Vencer censuras e preconceitos
Disfarçar todo um mundo de idéias
Em poucos versos...

Esconder fraquezas nas entrelinhas,
Camuflar trejeitos em metáforas,
Brincar com a subjetividade...
E fazer se entender apenas quem interessa...

Quando souber escrever e esconder,
Como os verdadeiros poetas...

Serei um verdadeiro “fingidor,
Fingirei tão completamente,
Que chegarei a fingir que é dor a dor o que deveras sentirei.”
Serei sim um poeta,
Um verdadeiro poeta ...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Convite a Nação

Considerava-te um ídolo,
Hoje sinto nojo de você...
Tenho vergonha de vestir tua camisa,
Com tua assinatura,
Que fiquei tão feliz em conseguir...

Mas com ou sem Bruno
-assassino ou não-
O vermelho e preto
Ainda flama em meu peito

Posso ser capitalista ou comunista...
Católico, espírita, budista ou ateu...
Posso fazer História, Letras, Jornalismo ou Engenharia...
Posso votar na Dilma, no Serra ou na Marina...
Posso nem ser mais eu...

Mas ainda serei Flamenguista.

Meu amor de infância,
Minha única instituição,
Não vai ser assim tão facilmente destruída,
Por um idolo na rede que se tornou vilão na televisão...

O que você fez além de desumano,
Nojento, vergonhoso e burro,
Foi humilhante,
Não só pra você,
Mas pra toda uma nação
Que enchia a boca pra gritar que você,
Era o melhor do Brasil.
Carregar seu nome no peito,
Ao lado do escudo de coração...

Faço um convite aos meus 33 milhões de companheiros:
Não deixem de usar a camisa do Goleiro,
Pois antes de tudo ela faz parte do uniforme do Flamengo,
Botem uma faixa preta no nome desse marginal,
E saiam a rua em um protesto silencioso,
Contra a corrupção
e outros fatos vergonhosos,
que vem sujando o nome do maior time de futebol do mundo,
que é muito mais que isso,
é nossa religião.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Fumo Melancólico

Destruir o meu pulmão
É a única forma
De esquecer as dores em meu coração...

Desfazer o câncer amoroso,
Promovido pela mutação do meu estado de espírito,
Mutação da alegria de (nossos) antigos problemas,
Para (meus) problemas solitários
E tristeza inóspita
Estabelecida pela radiação de teus sentimentos mutantes...

Que falta sinto de tuas carícias,
Que vazio tu me faz...
Vazio preenchido pela fumaça de um cigarro
E as lagrimas dos meus versos abandonados...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Penhasco

Como faço para tirar esse vazio que se instalou em meu peito?
Esse vazio instalado por você,
Desde que você me abandonou...
Me empurrou neste penhasco sem fim,
No qual eu caio mais e mais...
E aumento a velocidade a cada instante...

Porque não chego logo no chão?
Virar lama e pó...
Porque não arranco meu peito,
Para assim a solidão emanar
Junto com o sangue de minhas entranhas...

Não paro de cair...
Jogue a corda, por favor...
O chão não vai chegar?
A pressão em meus tímpanos está aumentando...
Só queria conseguir parar de chorar...

Manhã de segunda

Já não sei o que fazer, eu não vivo sem você...
Um dia que sabe você volta, ou eu consigo esquecer... Mas e até lá?
Lentamente vou caminhando, entre os dia que vão passando...
Inativo,[chorando],invisível,esperando...
Ah, que falta você faz... (ah, que saudades de você)

domingo, 4 de julho de 2010

Espetáculo particular.

A Sociedade não precisa de mais revoluções?
Como não? Uma sociedade tão desigual...
Com tantos iguais diferentes...

Mas entre tantos problemas,
Por qual lutar? Qual defender?

Qual barco remar?
Qual camisa vestir?
Qual bandeira flameja em meu peito...
Em minha consciência?...

Perguntas transformadoras,
Que formam minha identidade
E minha personalidade,
Estou em uma constante e diária renovação,
Em um constante e diário questionamento,
Mergulhado em constantes e diárias perguntas e respostas,
Que geram novas perguntas que tem respostas que geram mais perguntas...

Primeiro tenho que descobrir quem sou,
Me identificar dentro dessa Sociedade desigual
Ver meus meios e minha situação,
Saber meus interesses e minha emoção,
Depois procurar,
Procurar algo pra lutar,
Um ideal...um pensamento
Pelo qual defender...

Nem que seja com uma caneta e papel,
Em um blog, um livro ou com tintas...
Giz ou tablado,
Devo apenas mudar o espetáculo...

A certeza da Dúvida .

Dúvidas são o sopro da vida,
E da minha juventude...
Graças a elas reflexiono...

O vento e o sol
Me trazem uma visão cartesiana do mundo,
Uma visão que me faz concluir
Que para pensar e existir
Devo duvidar, para então reflexionar...

Reflexionar e viver...
Reflexionar é viver...

As duvidas são o alpiste que traz meus versos pelo ar,
Num vôo de pensamentos incompletos e metáforas ruins.
São os primeiros frutos de uma mente urbana perdida
Que está sempre respirando,
Sem fotossíntese,
Mas buscando alimento e crescendo... aos poucos... mas crescendo...

Venha apreciar a metamorfose...
Do garotinho hiperativo que queria ser astronauta,
Que hoje é um adolescente curioso que sonha em ser poeta,
E um dia será um adulto intelectual que lutará
Para semear em outras mentes curiosas
A mesma certeza de sempre:
Todos somos iguais, nossas duvidas é o que nos diferencia...

Quem sou eu a criticar ?

Eu critico a juventude,
Essa juventude sem utopias,
Sem espírito de revolução...

Critico a classe média,
Que se tranca em sua própria prisão,
Pra poder enriquecer mais e mais,
A custa do fome e miséria de outros,
Sem encarar as conseqüências,
De seu sistema imundo...

Mas quem sou eu?
Quem sou eu a criticar?

Mais um adolescente,
Alienado pela televisão e ipods...
Que escreve criticando a sujeira,
Do sistema que o sustenta,
Dentro das grades do seu condomínio...

Escrevo denunciando a sujeira,
Do sistema defendido por meus pais,
E meus colegas,
Escrevo para uma internet elitizada,
Com o computador pago pelo sistema sujo e injusto
Do mundo capitalista...

Quem sou eu a criticar?

Estou preso e “seguro” num casulo,
Em um bairro da classe media,
Mas dentro do casulo passo por uma metamorfose cotidiana,
Aguardando o momento de quebrar o casulo
E voar...
Voar para polinizar novas idéias pelo mundo...

sábado, 3 de julho de 2010

E agora, mané ?

Oh, o que será de mim sem você ?
Sem você não sei viver,
Sem você não terá mais amanhecer ...

Não consigo nem ao menos
canalizar meus sentimentos
em versos e metáforas clichês...

Pego o lápis,
olho para o papel,
as lágrimas surgem,
logo me consomem,
virão um lamurio, e depois uma convulsão...
cigarros e mais cigarros jogados fora...
latas e mais latas...
nada mais me acalma,
nada mais tira esse aperto de meu peito,
esse vazio que se instalou em mim...
e nada mais faz sentido, sem você...

"Vai minha tristeza,
e diz a ela,
que sem ela não há paz,
não há beleza,
é só tristeza,
melancolia que não sai de mim,
não sai de mim,
não sai..."