domingo, 7 de setembro de 2014

Vento da Manhã



Após a noite escura e fria
a manhã enfim despertou...
de mal humor e sem “bom-dia”,
o que, contudo, não muito durou,
pois entre nuvens de ventania
a luz da manhã clareou...

No céu raiou um solzinho sonso,
que nem chegava a ser quente,
mas aquecia um pouco o corpo
e iluminava deveras a mente.
Nos fazia os casacos tirar
e em um toco se sentar
para os olhos fechar, tranquilamente,
e ouvir o sopro
calmo e permanente
como o ronco do outro
ou o silvo da serpente...
ouvir as conversas e mistérios do vento
e as gargalhadas de minha gente.

As vezes uma risada mais alta
beijava o rosto de olhos fechados
interrompendo o som da flauta
com um só tapa empoeirado,
uma só bufada gelada,
lembrando ao corpo suado
do frio já distante da madrugada.
Mas esta rajada tumultuada passava rápido,
dando lugar aquela brisa delicada,
de sopro inocente e sossegado,
nem quente, nem frio... apenas calada
e alegre, balançando o gramado.

Agora humanos e grama
dançavam numa música surda e vã
da orquestra de brisas tão mansas
quanto a preguiça do sol da manhã
que trazia pr’aquele jardim de flores e lama
um beijo de bom-dia de Iansã.





São Pedro da Serra, Nova Friburgo, 6 de setembro de 2014