Danço pelo tempo,
Pelos acordes da nossa cultura musical...
Paro num botequim
tomo uma gelada com Noel,
saio da Província Independente de Vila Isabel,
Desço os arcos com Ismael,
Subo o morro com Cartola e Jamelão...
Ao lado de João Gilberto
observo a criação de uma nova bossa
que encherá Vinícius de saudades
que virá e passará
num doce balanço a caminho do mar...
Vejo as metáforas
De Chico ou Caetano,
Burlarem a censura...
Vencerem a ditadura...
Tomo um remédio anti-monotonia...
Vejo a vida começar agora,
vejo o mundo ser nosso outra vez,
e a gente não parou mais de cantar...
Volto ao presente,
Volto a minha geração,
e me envergonho...
Roubaram e padronizaram nossa cultura,
O que nem a Ditadura conseguiu calar,
nós mesmos calamos...
A voz rebelde da juventude
é agora um canto rouco e desafinado.
Os bambas viraram pagodeiros,
Os malandros funkeiros,
A Garota de Ipanema foi pros ares num meteoro,
A Malandragem de Meninos e Meninas,
Apertou restart e voltou pro começo do jogo.
O tempo parou...
Acabaram-se as letras pensadas,
Os acordes chorados,
As irreverências...
Nossos ouvidos choram
durante um ano inteiro,
a espera do Carnaval.
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
Ah, o Carnaval...
ResponderExcluirOla,gostei muito da sua escrita cheia de saudosismo da cultura enraizada onde os "modernos" tomam o lugar da eterna bossa, da malandragem, do samba arrastado, do poeta que morreu.
ResponderExcluirO relógio não volta, mas a memória é viva para quem sabe aproveita-la.
Obrigada por comentar no meu blog, fico feliz quando gostam claro. E sem problemas vc colocar na sua lista, me sinto lisonjeada.
abraços.