I.
Ele havia parado de escrever.
Ele havia parado de escrever sobre a vida.
Sobre a sua e sobre a deles...
Havia largado o papel e a caneta
e havia ido viver,
não mais escrever,
a Vida.
Mas a vida lá fora era chata...
Recheada de emoções...
Mas sempre as mesmas emoções,
emoções rotineiras,
rotina emocional...
Percebeu então,
que as emoções precisavam se sentir e se reconhecer enquanto emoções...
A emoção só atinge a consciência emocional acompanhada de caneta e papel.
II.
Abriu a janela,
o sol explodia em seu cérebro...
Após tanto tempo elas estavam de volta...
ele já celebrara funerais...
O sol morreu.
Os malandros saíram à rua (de Honda Civic e com segurança particular).
Mas a chuva continua em sua cabeça...
Sentado em algum canto,
com o caderno no colo,
cigarro escorregando entre os dentes,
caneta na mão...
Escrevia sem parar...
Algumas coisas interessantes, muita coisa ruim...
Foda-se!
Não importa mais se eles vão gostar,
o importante é saber que elas voltaram a interromper seu sono.
III.
Voltaram as olheiras,
Voltaram os banhos corridos –para não esquecer- e o quarto molhado...
“Garçom, uma caneta por favor?”
O guardanapo amassado no bolso também voltara...
Como num filme iam surgindo,
Porém os créditos iam no sentido contrário...
Pronto. Agora sim.
sua carência,
sua insegurança,
suas crises existenciais,
suas alegrias,
seus sonhos,
seu tesão...
Agora as emoções voltaram a se emocionarem.
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
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