A multidão segue caminhando
-inerte, alienada, inacabável, irracionalizada-
sem ao menos perceber,
que ele tenta correr,
no sentido contrário.
Cotoveladas, Ombradas,
Porradas, desanimadas...
E mais ombradas...
Ele resiste,
sozinho.
De vez em quando aparecem outros
tentando seguir a direção contrária,
mas a multidão é tão densa e unificada
que os “do contra” só conseguem olhar para frente...
e ao não olhar para os lados,
não vêem que são iguais
e não conseguem dar as mãos...
Por não se darem as mãos,
acabam todos sendo pisoteados
e –mais cedo ou mais tarde-
ele também será...
Mas por enquanto ele continua tentando
correr, na direção contrária
dos passos calmos dos cegos...
Ele segue solitário,
em meio a multidão
de cotoveladas e ombradas,
carregando nas costas
o imenso peso de uma juventude sem sonhos,
adultos e velhos cansados
e um futuro abortado e pisoteado.
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
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