Seu nome era um tanto quanto estranho, Leirbag Nay, não que alguém se importasse. Leirbag sempre foi um trem desgovernado que passava por cima de todos que gostava, e pior, estava em rota de colisão.
Durante o primário as coisas eram relativamente mais fáceis, Leirbag sempre nadara (dentro d’água era o único lugar onde se sentia uma pessoa normal) e todos os anos de natação fizeram do seu corpo de criança o corpo de um pré-adolescente bem desenvolvido, com uma força física capaz de criar amigos e namoradinhas.
Quando começou a entrar realmente na pré-adolescencia Leirbag se mostrou preguiçoso e desistiu da natação. Junto com a piscina foram-se também os músculos e conseqüentemente os seus grandes amigos. Desapareceu também o sonho de ser uma pessoa normal. Sua adolescência foi marcada por um ciclo vicioso de amor e ódio. A cada novo ambiente que chegava Leirbag usava sua fala mansa e seu gingado para socializar e criar diversos amigos, em pouco tempo porém, sua fala mansa se revelava em calunias e seu gingado em covardia, as amizades viravam, primeiramente, bullying, depois ódio e brigas físicas, e, finalmente, desprezo.
Nem seus pais o agüentavam mais, sua casa era um antro de brigas, palavras sem peso de tanto repetidas, agressões físicas, orais e morais. Leirbag corrompia tudo que um dia gostara e não percebia. Botava a culpa nos outros e não sabia explicar o que acontecia. Não sabia porque o odiavam e se achava injustiçado.
Certa vez conseguiu uma namorada de verdade. Miap Ailuj era seu oposto: carinhosa, sincera, cheia de amigos verdadeiros, filha de pais amorosos e dona de lindos sorrisos puros e um bom coração. Miap tentou mudar Leirbag, mas acabou sendo mudada. Abandonou seus amigos, se tornou ciumenta possessivamente como ele, começou a brigar com seus pais e trocou os sorrisos do dia por lagrimas na madrugada. Um dia Miap cansou e mais uma vez Leirbag ficou apenas com sua solidão, o ódio alheio e um cigarro na mão.
Ao completar 18 anos começou a perceber o quanto repelia as pessoas, mesmo sem entender por que. Resolveu então por um fim no monstro que sempre convivera com pessoas inocentes. Comprou vergalhões e começou a trabalhar. Nunca havia se dedicado tanto a algo. Passava os dias trabalhando e as noites calculando o trabalho do dia seguinte. Sumiu dos cantos sombrios onde habitava... Ninguém mais se lembrava de sua existência.
Após 1 ano trancado no quarto seus pais perceberam que não viam o filho fazia algum tempinho. Sra. Nay resolveu, pela primeira vez em anos, ir até o sótão onde Leirbag morava dar uma olhada se “tava tudo ok”. Leirbag estava trancado numa gaiola gigante, dormindo profundamente ao lado de um lápis, alguns poemas rabiscados e uma poça de sangue. Sua mãe desejou boa noite e desceu para ver a novela das nove.
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Repelente Emocional
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Eu vejo um pouco de Leirbag em cada um de nós que vez ou outra usa o repelente emocional ...
ResponderExcluirIncrível como você evolui a cada dia... sabe, esse tipo de texto nos ajuda a crescer e compreender melhor as coisas. Espero que tudo melhore. Te amo.
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