quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sobre o silêncio ou sobre a vida.

O silêncio desta madrugada é denso.
Tão denso que posso ouvir
o leve barulho do cigarro queimando a cada tragada...
Posso ouvir os leves passos da morte
se aproximando mais a cada tragada...

Já não a temo há muito...
Porém não a espero mais...
Viver ainda é complicado,
mas hoje posso dizer que quero viver...
Mesmo me aproximando mais do fim a cada segundo,
quero viver...
Hoje sinto vontade de viver...

ao seu lado...

Hoje posso dizer que sou feliz.

Rio de Janeiro, Jacarepaguá, 25 de Julho de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A natureza e a pobreza na estrada.

O sol começa a sair, tímido, por entre as nuvens
e aquece a mata cansada e molhada...
Esse resquício de Mata Atlântica,
Cansada de tantos anos de escravidão e exploração
para sustentar esses frágeis e egocêntricos animais bípedes...
Molhada de chuva, suor e lágrimas...

O sol rompe, revoltoso, as nuvens tristes
e bate nos olhos cansados do viajante...
O astro-rei o acorda para ver aquela beleza esquecida
e aquecer seu peito confuso e apertado...
Ilumina sua mente perdida
entre as curvas da estrada
e a beleza rústica da natureza que luta por sobrevivência...
e da tristeza daquele povo que a explora por subsistência...
e é, também, explorado para lucrar o latifundiário...

E ele segue viagem após surpresas tão boas e lembranças tão tristes...
E ele segue viagem, com a surpresa do sol e a lembrança da chuva...
A surpresa da natureza e a lembrança dos homens...



Em algum lugar do Norte Fluminense, Av. Dutra, 18 de Julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Em memória de 23 de Março.

Naquela noite incrível,
descobri novas formas de ser artista...
Nas linhas de teu corpo, li uma carta de amor,
tão poética, apaixonada e apaixonante,
que me levou ao êxtase, muito mais que literário...

Nas muitas cores de seus cabelos
descobri a pintura abstrata de ser feliz
e vencer a solidão.

Com lápis e borracha
rabisquei corações, orgasmos e versos,
com tinta e caneta pintei um novo amor...

Ah... Aquela noite perfeita
à meses passados,
anos ou décadas...
Já nem sei quanto tempo...
Já perdi as contas...

Mas desde aquela noite,
a única coisa que me vem a cabeça,
a única coisa que não larga de meu peito,
a única coisa que sinto vontade de falar,
a todo tempo,
é o mesmo que gritei no fim e no início de tudo...

“Eu amo você”.




Rio de Janeiro, Gamboa, 12 de julho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Agora.

Nem voltar ao passado,
nem se preocupar com o futuro...
Só o que queria era parar o tempo nesse momento.

Me banhar no oceano de seus olhos,
mergulhar nas perfeitas ondas de seu corpo
e pra sempre contemplar esse sorriso lindo
-quase, mas nunca, esquecido-...

Viver cada segundo deste hoje,
e nunca deixar chegar o amanhã,
esquecendo das responsabilidades do mesmo,
ou as de ontem.
Ser isto, não isso nem aquilo,
Isto.
E viver.

Rio de Janeiro, Castelo, 30 de junho de 2012.