domingo, 9 de setembro de 2012

A Casa Amarela.

Entre os prédios altos, modernos e cinzas,
daqueles que arranham céus e rasgam bolsos,
jazia ela... quieta... pura...
Sua pintura amarela havia sido amarelada de tempo e descaso,
Pequenina, gasta, porém linda!

Sua arquitetura colonial, as manchas e os buracos denunciavam sua idade...
Porém entre toda aquela sujeira arrogante e ganância
próprias da arquitetura pós-moderna,
ela parecia uma criança... pura e casta,
inocente e sozinha,
entre as dores e os fedores do mundo.

E por falar em criança...

Justamente no momento que pensava
e escrevia a metáfora pobre e clichê acima
apareceu, para minha surpresa e pasmo,
uma criança de verdade à janela.
Uma menina. Com cachinhos loiros e sorriso largo.

Olhou diretamente pra mim com aquele sorriso lindo e puro,
tentei retribuir, mas a surpresa era tanta
que não consegui... e o dela se apagou.
Então, em um gesto rápido demais para meus olhos emocionados,
sacou um vidro de detergente e coloriu a vizinhança
com milhares de bolhas de sabão.

O sorriso em meu rosto foi instantâneo,
Mas não tão grande e puro quanto o da casa amarela.

Niterói, Estação Hidroviária Araribóia, 6 de Setembro de 2012

Um comentário:

  1. Ótimos textos! Gostei especialmente deste. Que, por coincidência, foi na cidade onde eu moro... (:
    Parabéns, rapaz.
    Beijos

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