Entre os prédios altos, modernos e cinzas,
daqueles que arranham céus e rasgam bolsos,
jazia ela... quieta... pura...
Sua pintura amarela havia sido amarelada de tempo e descaso,
Pequenina, gasta, porém linda!
Sua arquitetura colonial, as manchas e os buracos denunciavam sua idade...
Porém entre toda aquela sujeira arrogante e ganância
próprias da arquitetura pós-moderna,
ela parecia uma criança... pura e casta,
inocente e sozinha,
entre as dores e os fedores do mundo.
E por falar em criança...
Justamente no momento que pensava
e escrevia a metáfora pobre e clichê acima
apareceu, para minha surpresa e pasmo,
uma criança de verdade à janela.
Uma menina. Com cachinhos loiros e sorriso largo.
Olhou diretamente pra mim com aquele sorriso lindo e puro,
tentei retribuir, mas a surpresa era tanta
que não consegui... e o dela se apagou.
Então, em um gesto rápido demais para meus olhos emocionados,
sacou um vidro de detergente e coloriu a vizinhança
com milhares de bolhas de sabão.
O sorriso em meu rosto foi instantâneo,
Mas não tão grande e puro quanto o da casa amarela.
Niterói, Estação Hidroviária Araribóia, 6 de Setembro de 2012
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
domingo, 9 de setembro de 2012
A Casa Amarela.
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Ótimos textos! Gostei especialmente deste. Que, por coincidência, foi na cidade onde eu moro... (:
ResponderExcluirParabéns, rapaz.
Beijos