quinta-feira, 26 de abril de 2012

Verbos e Rimas.

Amar sempre foi um verbo complicado pra mim...
Nunca entendi, ao certo, o que Oswald quis dizer
com seu poema/verso sobre amor.
Aos meus ouvidos, e meu peito,
Amor sempre rimara mais com Dor
do que com Humor.

Na infância aprendi a rimar Amor com Brigas e Solidão.
Já no inicio da minha adolescência cheguei perto do Humor,
mas um humor patético, pastelão...
naquela época rimava Amor com Piadas e Egoísmo.
Ao fim da adolescência e inicio da vida adulta aprendi novas rimas...
Rimei Amor com Sexo, Bipolaridade, Tristeza, novamente Brigas,
Melancolia, Rejeição e, sobretudo, Desapontamento.

E isso parecia a verdade absoluta do verbo Amar.
Até que em fins de fevereiro você surgiu
para me ensinar um novo modo de amar...
Para me ensinar a ser feliz...
Com você estou aprendendo a rimar Amor com Sorrir...
Com você estou aprendendo o verbo Viver.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Cheiro da Vida.

Qual é o cheiro da sua vida?

Ela cheira a esgoto?
Ou cheira a comida?

Cheira a náusea?
Ou cheira a tinta?

Uma vida pode cheirar de varias formas,
à fumaça, à bebida, à fungos, à tesão, à flor ou sangue.
A vida pode ter ainda os cheiros abstratos,
que se sentem com o peito e não com olfato...
Cheiro de dor, de decepção, cheiro de amizade ou de amor, compaixão...

Cheiros puros, cheiros misturados...

Qual é o cheiro da sua vida?

A minha vida tem um cheiro ocre e podre,
Envelhecido e sombrio...
A minha vida tem cheirado à morte.

domingo, 8 de abril de 2012

Pra ti.

Você chegou de repente
e me mostrou que o céu podia ter lua,
era apenas soprar as nuvens com força.

Você se aninhou em meus braços
e fez meus olhos brilharem de novo.

Percebi que meus olhos ardiam ao sol
e que meu pulmão ofegava.
Meu coração se apertaria novamente
com o medo de te fazer chorar.
Vi que existiam outras lágrimas com as quais me preocupar,
sem ser aquelas que escorriam no espelho.

Agora não adianta mais você fugir,
ou querer mentir, ou diminuir.
Eu te amo e você me ama,
amor e confiança é tudo que importa,
e que eu possa te amar todas as noites e dias.

Por mais que eu queira que seja pra sempre,
a Vida e Vinicius me ensinaram que não há eternidade,
posto que é chama... Apenas a tristeza não tem fim.
Mas enquanto o vento levar nossa pluma pelo ar
não haverá mais lágrimas nem discussões,
e há de ser eterno enquanto dure...
Te amarei todas as noites e dias, longe ou perto,
até que o vento frio que me persegue ao longo da vida,
a leve para longe de mim.


Mas não pensarei nem pensaremos nisso agora...

Eu te amo e você me ama...
Amor e confiança é tudo que importa.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Fim do mundo.

Aquela noite parecia mais um fim de um dia comum. Após o trabalho e a falsa ilusão de esperança e discussões universitárias sobre a “luta revolucionária da classe trabalhadora” num ambiente no qual o trabalhador só conhece quando a novela trás alguma personagem universitária. Enfim voltava pra casa para mais uma noite de sono burguês e sonhos proletários.

Porém o sono chegou antes dele chegar em casa e o ônibus, com seu sacolejo de ninar, o levou ao fim do mundo. O fim do mundo é aqui... Aqui onde as lágrimas são de suor, o cigarro é repelente pra espantar mosquito, o Estado é a milícia e o projeto de cidade é o do tráfico ou do bicho. Aqui onde as drogas libertárias são a opressão e luxo do dono da boca, onde vermelho é a cor de satã, onde poste é coisa rara e sorriso é apenas apelido.

Aqui é o fim do mundo, do mundo de sonhos e tendências, aqui o mundo é material mas não tem nenhuma dialética. Aqui é o mundo real. Aqui é onde o trabalhador brinca de viver entre um turno e outro. Aqui é onde o proletariado sonha... em não perder o emprego e em ter um filho jogador de futebol. Foi naquele lugar sem direções, onde não existe esquerda nem direita, que ele sentiu a dor que corrói o peito do pobre corroer seus olhos de classe média. Enquanto isso seu peito se enchia de raiva e a mente de versos e idéias. Mas no fim só restou desilusão e uma única certeza: a de que alguma coisa devia ser feita, mas isso não partiria da universidade ou de algum debate com parlamentares, a revolução só aconteceria quando seu germe surgisse naquele lugar esquecido. Aquele lugar, que até a lua tinha abandonado, não podia ser apagado da lembrança daqueles que dizem lutar pela classe trabalhadora.