domingo, 30 de março de 2014

Velhas Toupeiras





Velhas toupeiras
sempre viveram
entre as poeiras
das solas dos sapatos
dos que enriqueceram
de imediato...

Sempre que um rico cantarola,
canta sua vitória
sobre aqueles que perderam tudo
e hoje choram rios, baías,
oceanos e dilúvios...
mas continuam a trabalhar...
e continuam a lucrar,
não para si,
mas para Ele.
E continuam a chorar
e rezar
para as velhas toupeiras
engordarem sua fortuna ,
pagarem seus pecados
e não atrasarem o salário,
com a ajuda divina.

Toupeiras inglesas,
americanas, francesas
ou romanas...
burguesas ou feudais...
liberais ou puritanas,
arcaicas ou atuais,
latifundiárias ou urbanas,
econômicas, pedagógicas ou policiais,
religiosas ou humanas,
são sempre as mesmas
velhas toupeiras sem paz.

Toupeiras e sapos,
lacraias ou ratos,
traças de trapos
do enxoval mais caro
do poder mais real
do lar mais sagrado
da riqueza mais informal
do prazer mais sofisticado
e da mentira mais natural:
pisando no sangue humilhado
diz que isso é normal,
não é nada de privilegiado
são apenas as leis
do mercado internacional.





Em memória de Marx e Hamlet.

Rio de Janeiro e Niterói, Março de 2014

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