"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
domingo, 23 de janeiro de 2011
O Palestrante
Mas naquela semana estava atrasado. O transito estava caótico e ele só conseguia culpar a especulação imobiliária... Em um dos vários sinais vermelhos entre o ponto de ônibus e a universidade ele começou a se lembrar da primeira palestra, o auditório lotado, pessoas sentadas no chão e um final que só aconteceu uma vez: uma guerra contra a Polícia do Exército, que invadira o teatro para prendê-lo e sua platéia tentava defende-lo.
Aliás, durante os dois anos que se passaram foram as únicas vezes que a palestra mudara de lugar, se transferira primeiramente para um porão da PE, depois para um navio-prisão da Marinha, depois para Ilha Grande e finalmente para o exílio na Europa. Mas independente disso e da platéia que o assistia toda terça-feira às 14h30min começava a se preparar e às 15h15min começava a falar para parar apenas por volta das 19 horas.
Finalmente conseguira chegar a Universidade, 15h07min, encontrou o faxineiro Zé no corredor que como sempre o cumprimentou com um sorriso desdentado e uma nova frase: “achei que o Senhor tinha desistido.”
15h26min, finalmente começara. O auditório, assim como há alguns anos, estava vazio novamente. Não se abateu, começou a falar para o vento. Falou, falou, falou...
Por volta das 16h45min empolgado com o ritmo da palestra havia esquecido o vazio. Pediu para que alguém da platéia se levantasse e apagasse as luzes, nada. Reclamando em pensamento de como essa nova geração era mal educada desceu e foi apagá-las. Começou a passar os slides e voltou a falar.
Quando esses acabaram as luzes ascenderam sozinhas e com um susto ele viu que havia novamente uma platéia. Uma jovem de cabelos negros e olhos verde-amarelos estava sentada na dácima-primeira fileira.
Não conseguiu segurar um breve sorriso, mas depois fingiu nem ter notado a nova presença. Com o animo renovado voltou a falar, falar, falar...
A jovem que havia entrado ali por acaso ouvia atentamente o que o velho dizia e aos poucos começava a entender. Compreendia e percebia a realidade dos problemas que ele narrava, chegou a quase ficar abismada com algumas fotos. Continuou a ouvir e entender a gravidade do problema, quando estava prestes a se preocupar sua consciência a lembrou que aqueles problemas não eram dela, que aquilo tudo estava ficando chato e monótono e que já eram quase 17h30min e ia começar Malhação. Meio envergonhada ela se levantou devagar e saiu. Deixando o velho “comuna” louco sozinho novamente.
O palestrante ficou com olhos marejados de decepção, mas fingiu não notar. Limpou as lágrimas com um lenço, comentou que essas luzes novas o faziam suar e voltou a falar, falar, falar...
Mas ninguém o ouvia, a Universidade havia fechado os ouvidos, os olhos e a boca para aqueles problemas que não eram de jovens ou professores...
Ah, que saudades da Ditadura.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Repelente Emocional
Durante o primário as coisas eram relativamente mais fáceis, Leirbag sempre nadara (dentro d’água era o único lugar onde se sentia uma pessoa normal) e todos os anos de natação fizeram do seu corpo de criança o corpo de um pré-adolescente bem desenvolvido, com uma força física capaz de criar amigos e namoradinhas.
Quando começou a entrar realmente na pré-adolescencia Leirbag se mostrou preguiçoso e desistiu da natação. Junto com a piscina foram-se também os músculos e conseqüentemente os seus grandes amigos. Desapareceu também o sonho de ser uma pessoa normal. Sua adolescência foi marcada por um ciclo vicioso de amor e ódio. A cada novo ambiente que chegava Leirbag usava sua fala mansa e seu gingado para socializar e criar diversos amigos, em pouco tempo porém, sua fala mansa se revelava em calunias e seu gingado em covardia, as amizades viravam, primeiramente, bullying, depois ódio e brigas físicas, e, finalmente, desprezo.
Nem seus pais o agüentavam mais, sua casa era um antro de brigas, palavras sem peso de tanto repetidas, agressões físicas, orais e morais. Leirbag corrompia tudo que um dia gostara e não percebia. Botava a culpa nos outros e não sabia explicar o que acontecia. Não sabia porque o odiavam e se achava injustiçado.
Certa vez conseguiu uma namorada de verdade. Miap Ailuj era seu oposto: carinhosa, sincera, cheia de amigos verdadeiros, filha de pais amorosos e dona de lindos sorrisos puros e um bom coração. Miap tentou mudar Leirbag, mas acabou sendo mudada. Abandonou seus amigos, se tornou ciumenta possessivamente como ele, começou a brigar com seus pais e trocou os sorrisos do dia por lagrimas na madrugada. Um dia Miap cansou e mais uma vez Leirbag ficou apenas com sua solidão, o ódio alheio e um cigarro na mão.
Ao completar 18 anos começou a perceber o quanto repelia as pessoas, mesmo sem entender por que. Resolveu então por um fim no monstro que sempre convivera com pessoas inocentes. Comprou vergalhões e começou a trabalhar. Nunca havia se dedicado tanto a algo. Passava os dias trabalhando e as noites calculando o trabalho do dia seguinte. Sumiu dos cantos sombrios onde habitava... Ninguém mais se lembrava de sua existência.
Após 1 ano trancado no quarto seus pais perceberam que não viam o filho fazia algum tempinho. Sra. Nay resolveu, pela primeira vez em anos, ir até o sótão onde Leirbag morava dar uma olhada se “tava tudo ok”. Leirbag estava trancado numa gaiola gigante, dormindo profundamente ao lado de um lápis, alguns poemas rabiscados e uma poça de sangue. Sua mãe desejou boa noite e desceu para ver a novela das nove.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Noite Feliz, Dia Real.
Sentamos, bebemos,
levantamos, bebemos,
sentamos, bebemos,
bebemos e levantamos...
Pagamos a conta,
Fugimos,
Correndo de mãos dadas
através da noite...
O dia nasceu,
com ele a consciência...
Tive que te levar de volta...
Na despedida
um beijo
com gosto de um drink novo
provindo da mistura de melancolia e saudade...
Voltando pra casa
acordei e vi
que estava ali,
de novo parado no tempo...
me afogando em versos melancólicos...
de novo,
Sozinho.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Morte-viva na escuridão.
sentado no escuro
só enxergava aquela pontinha vermelha...
indo e voltando...
crescendo, desmanchando, crescendo,
desmanchando,
e crescendo de novo...
Por um instante acreditou
que tinha dado vida a algo...
uma nova forma de vida...
Mas de repente com um barulho longe,
A luz se acendeu!
Suas pupilas arderam durante alguns segundos...
Apagou o cigarro no chão
e viu que não havia vida alguma ...
Era apenas ele,
de novo ali no escuro
sentado no chão...
Sozinho.
sábado, 8 de janeiro de 2011
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Movimento Pela Repolitização da Juventude
Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2010
Em 2010 o Ministério da Educação promoveu pelo 2º ano o Exame Nacional de Ensino Médio, que visava a unificação dos vestibulares como forma de diminuir a elitização da educação superior em nosso país. Entretanto o ENEM foi, assim como em 2009, novamente marcado por falhas e desrespeito ao estudante. Nesse contexto foi criada a UVF (União dos Vestibulandos Fudidos/Frustrados).
Em apoio a outras instituições do movimento estudantil maiores a UVF participou de alguns protestos, mas logo esfriou sua mobilização, com o esfriamento do “assunto ENEM”. Porém o desejo de seus fundadores de rever a juventude como forma principal de mudança no sistema político não esfriou e por isso resolvemos ressuscitar a UVF com o intuito de, como era dito antes, ressuscitar o espírito revolucionário do jovem brasileiro.
Como a maioria de nós em 2011 não será mais vestibulando e nossas lutas futuras não pretendem se restringir ao meio da educação, o nome original não fazia mais sentido e rebatizamos a organização de MPRJ – Movimento Pela Repolitização da Juventude. A partir da presente data o MPRJ pretende militar pelo renascimento da Juventude Revolucionaria Brasileira, a mesma juventude que lutou contra a Ditadura e que derrubou Fernando Collor. A MPRJ pretende crescer dentro do movimento estudantil e adquirir uma posição de respeito nessa tão nobre causa, e para isso pedimos a sua ajuda.
Você, jovem, que ainda se encontra no conformismo e alienação da maioria de nossa juventude. Saia dessa, junte-se a nossa causa e venha lutar por seus direitos e de toda a sociedade, pelos direitos da juventude, sim, mas também pelos direitos dos operários, das mulheres, dos homossexuais, dos negros, dos pobres, da mídia alternativa e de todas as minorias reprimidas pelo sistema elitista que está afundado nosso país. Esse mesmo sistema que faz o jovem acreditar que política é uma coisa chata para poder o manter distante dessa. Junte-se a nós nessa luta por Respeito e Dignidade.
Yan Oliveira e Carlitos Aragão.
Entre na nossa comunidade:
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Siga-nos no twitter: @_MPRJ;
E para os que estejam no Rio um convite especial: Os estudantes cariocas estão organizando para o dia 7 de janeiro um protesto contra o aumento salarial dos parlamentares em 62,5%. O protesto está marcado para as 15hs na Cinelandia e, apesar de ser organizado pela massa estudantil, conta com o apoio de toda a sociedade, lezada pela antietica de certos politicos. Contamos com a ajuda da massa operaria, idosos, jovens que não estudam mais, politicos eticos(embora raros), turistas, artistas ou de qualquer outro que esteja irritado com as ilusões politicas brasileiras e que tenha garganta e disposição para gritar conosco. Até dia 7.