quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Visita Noturna

Dormia tranquilamente
quando invadiram o quarto
Com uma pequena adaga
Eles fizeram o fio
de sangue semicircular a cabeça...

Não acordou...

Puxaram o tampo,
e deixaram o cérebro a vista
retiraram com cuidado
e jogaram no lixo...

Não acordou...

Colocaram o novo encéfalo
no lugar do antigo,
Depois costuraram carinhosamente
As duas partes frontais da cabeça
E foram embora...

Não acordou...

Quando acordou,
não havia nenhum vestígio
da visita na noite anterior
A não ser as novas ideias,
antagônicas à aparência e roupas,
o medo de assumi-las
e a cicatriz na testa.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Novo Blog

Olá amigos e leitores, hoje estou fazendo esta postagem apenas para comunicar que eu fiz um novo blog(independente desse) para expor meus desenhos/pinturas e quem sabe conseguir vender alguma tela!? Quem quiser dar uma passada lá para dar uma olhada fique a vontade.

Obrigado,
Beijos.


http://www.ihborrei.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Yago

Vida curta,

Curta como um borrão,

um borrão de tristeza e saudades

em vidas também curtas

mas não tão curtas

como a tua vida curta...

Teu mundo durante 3 meses

Foi a CTI de uma maternidade,

Tua casa um incubadora,

Teu berço as lágrimas de sua mãe...

Vida curta,

que deixara de herança

lágrimas, saudades, aprendizado...

e estes versos curtos,

do teu irmão mais velho

que não chegastes a ser apresentado,

mas que sente falta,

de algo que nunca teve,

mas foi feliz enquanto houve...

A perfeição das imperfeições

Manchas de tinta colorida
jogadas a esmo numa tela branca
me fascinam...

Sempre irei preferir
Filmes franceses, brasileiros ou italianos
A uma superprodução Hollywoodiana
Pra mim um Cannes
sempre terá mais charme que um Oscar...

Adoro o imperfeito,
o transgressor me encanta
por isso te amo.

Seus olhos verdes me enfeitiçam,
Seu beijo é viciante
e o seu jeito de dizer que me ama
tão melódico...

mas na verdade
não foi nada disso
que me conquistou...

São seus defeitos e suas subjetividades
Suas belezas “erradas”
Que a torna tão real... tão linda...

O jeito como seus olhos realçam
com o choro avermelhado,
As envolturas tão únicas e não-clichês do teu cabelo,
A maneira magnífica como reclama
Dessas imperfeições que a tornam tão perfeita
“Estou gorda”;”Sou muito magra”;”Meu cabelo ta horrível!”

Eu te amo, e te escolhi
Por te ver tão única,
tão diferente...

Por não ser um soneto com versos alexandrinos
Por ser uma tela tão abstrata e subjetiva,
Por ser um filme tão caseiro, tão simples,
Por ser você e apenas isso,
Comum e diferente...
Maravilhosamente minha.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Presente, futuro ou passado ?

As lágrimas daquela tarde
ainda ecoam na minha mente,
Os gritos daquela noite
ainda afogam meu peito...

Queria te pedir desculpas sinceras,
Sem nem saber ao certo o porquê,

Queria te embalar em meus braços
E dizer que tudo passou, que acabou,
Que as lembranças não me esfaqueiam mais,
Mas não posso mentir...

À noite ainda choro,
Choro de tristeza das lembranças
E de felicidade da esperança
Agora parece estar tudo tão bem,
Vamos ver daqui pra frente.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pensamentos Musicais

Danço pelo tempo,
Pelos acordes da nossa cultura musical...

Paro num botequim
tomo uma gelada com Noel,
saio da Província Independente de Vila Isabel,
Desço os arcos com Ismael,
Subo o morro com Cartola e Jamelão...

Ao lado de João Gilberto
observo a criação de uma nova bossa
que encherá Vinícius de saudades
que virá e passará
num doce balanço a caminho do mar...

Vejo as metáforas
De Chico ou Caetano,
Burlarem a censura...
Vencerem a ditadura...

Tomo um remédio anti-monotonia...
Vejo a vida começar agora,
vejo o mundo ser nosso outra vez,
e a gente não parou mais de cantar...

Volto ao presente,
Volto a minha geração,
e me envergonho...

Roubaram e padronizaram nossa cultura,
O que nem a Ditadura conseguiu calar,
nós mesmos calamos...
A voz rebelde da juventude
é agora um canto rouco e desafinado.

Os bambas viraram pagodeiros,
Os malandros funkeiros,
A Garota de Ipanema foi pros ares num meteoro,
A Malandragem de Meninos e Meninas,
Apertou restart e voltou pro começo do jogo.
O tempo parou...

Acabaram-se as letras pensadas,
Os acordes chorados,
As irreverências...

Nossos ouvidos choram
durante um ano inteiro,
a espera do Carnaval.

domingo, 19 de setembro de 2010

Homenagem ao meu preto

Carlos Eduardo Aragão de Souza Fernandes,
a principio parece um bobinho da cote,
aquele engraçadinho que é amiguinho de todo mundo,
que é ótimo na hora de falar merda mas ninguém bota a mão no fogo.

Acreditei nesse clichê no inicio,
mas logo depois quebrei minha cara/e descobri um preto safado,
que fala muita merda,
mas também é um cara guerreiro, amigo, sensível e maduro...

Um garoto que "vira homem"(ou será mulher?uahauha) hoje,
mas que já passou por problemas
-que muitas pessoas depois de velha não conseguem sair inteiras-
e não perdeu o sorriso largo e as piadinhas idiotas...

É esse homem guerreiro e alegre
que hoje
-apesar do pouco tempo de convivência(um pouco mais de 1 ano)-
eu posso chamar de amigo/e incluir entre a lista dos melhores.

Porque quando eu precisei de apoio
ele estava lá para tapar os buracos,
para arrancar um sorriso,
pra dar o abraço
que meus melhores amigos/não podiam me dar a distancia...

É por causa disso tudo
e mais um monte de coisas
que não lembro agora
que improvisei esses versos chavonicamente toscos e mal feitos
mas reais e com boas intenções,
pra falar que "Te amo cara, sabia ? Sério...",
e que espero do fundo do coração
que essa amizade seja mais do que uma amizade de colegial,
que não perdemos contato
e afeto,
porque eu quero ser ministro da educação no seu governo
(uahuahauhauah, zoa ;D)

Te amo cara, parabéns,
tudo de bom, vc merece mais do que ninguém ...
Beijunda
(do acionista majoritário com soberania compartilhada c/ Pedroca)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Retardatário emocional

Fumaça dissipada,
Água evaporada,
Luz apagada,
Sombra deturpada.

Tudo passou,
Um trem passou...
Algo se perdeu,
Algo se encontrou,
Alguém desembarcou...

O brinde não foi feito,
Pois a taça de vinho derramado,
Espatifou-se em milhares de cacos,
Chorados pelos céus de outono,
de um jardim encantado.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Filosofia - Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou morrer de fome

Mas a filosofia hoje me auxilia

Aviver diferente assim

Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim

Não me incomodaque você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo

Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

Noel de Medeiros Rosa-1933




É realmente incrivel como, talvez infelizmente, as grandes poesias/musicas críticas do/ao nosso país se fazem tão contemporaneas, independente da época, autor, métrica ou estilo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pintura Cotidiana

Andando pela rotina
E suas ruas movimentadas e barulhentas
Resolvi que hoje iria mudar o caminho

Entro numa dessas ruas adjacentes
-ruelas esquecidas-
Que sempre passamos,
mas nunca notamos.

Volto décadas no tempo...

Um velhinho barbudo vende balas na esquina,
-Lembram-me Monet,
com seu cigarrinho pendurado pela boca-
Vendo as crianças brincarem...

Sim! É incrível!
Três menininhos de seus 8 anos
Jogam bola na rua,
no meio da rua!Sem preocupações!
Que lugar perfeitamente tranqüilo, não?...

Mas de repente o presente brutal
Acorda-me do sonho risonho...

Um carro de cada lado da ruazinha...
Homens saem...
Pá, Pá, Pá!

...

Um cigarro no chão, afogado em sangue...
Uma bola furada, um choro abafado
Por tiros que não acabam...

Eles pintam de vermelho,
Sem qualquer técnica impressionista de Monet
A paisagem contemporânea.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Viver você

Parado.
no transito...
no meio dos anos...
A vida corre
loucamente entre o Trafego


Sinal vermelho...
Que saudade,
me dá um beijo ?


Sinal verde...


Vou correr,
Te seqüestrar em meu desejo
Te enraizar em meu peito.


Fugir do asfalto
Realizar sonhos árcades
Mas sem toda a métrica
e as velhas regras
Viver sobre as nossas regras,
viver sem regras


Viver de amor,
Me perfumar com teus beijos,
Relaxar em teu sono,
Na grama morrer ao teu lado,
e ressuscitar no amanhecer
para viver mais um dia você...

As cores dos seus olhos

Teus olhos verdes
E enfeitiçados
Não compararei as esmeraldas,
Ou a mares caribianos,
Nem ao menos citarei esperança de amor eterno.


Teus olhos verdes
Transcendem clichês
Lembram-me o vermelho,
do amor, da paixão,
do desejo...


Teus belos olhos verdes
me trazem uma branca paz
e me fazem romper um céu azul
com apenas esse olhar...
Que me inunda
de uma felicidade amarelada,
que me entorpece de multicores
fluorescentes e vibrantes,
me vicia e me encanta...


Com esses teus olhos verdes,
Cheios de encanto e feitiços,
que me fazem feliz a cada dia
como o desejo concedido pelo duende
no fim do arco-íris.