Ao pisar na areia,
já senti a velha bossa(nova)
dos poetas do beco
se envolver em minhas veias
e gingarem meu corpo
entre os montinhos, buracos
e lixos da areia...
Olhei pro mar e vi o sorriso de Iemanjá seduzir meu olhar...
Entrei calmo e dengoso...
Chegando do nada,
sorrateiro,
me instaurando feito posseiro
nas ondas e abraços dos cabelos de Mãinha...
Princesa Iná me percebeu,
me recebeu, me envolveu,
me abraçou, me seduziu
e me amou...
Amou-me entre ondas e correntes...
Amou-me com todos seus nomes e personalidades...
de Iemanjá à Poseidon...
me amou de todas as formas que um mar pode amar...
Me fez sentir o calor e a força
das ondas que quebram e morrem...
e a calmaria e o relaxamento de seus nascimentos...
Me deu o prazer fresco da água salgada de seu beijo
e a paz silenciosa de seus ventos e sussurros...
Me amou...
Me amou e foi embora...
Foi embora com o sol...
Se aquietou em seu canto e dormiu...
Me amou e, depois,
me expulsou de sua cama,
com leves chutes de ondas curtas...
Me amou e dormiu...
Me deixando,
sozinho,
aqui,
na areia,
observando um saco
plástico
preto
girar e rodopiar
entre as ondas do ronco de seu sono...
Rio, Praia de Ipanema, 23 de Dezembro de 2012
"Malícias maluqueiras, e perversidades, sempre tem alguma, mas escasseadas. Geração minha, verdadeira, ainda não eram assim. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente... [...] 'Maluqueiras – é o que não dá certo. Mas só é maluqueira depois que se sabe que não acertou!'” (Riobaldo Tatarana) *** "Podem dizer que isto é loucura, mas é somente a mais pura maneira de se amar." (Jorge Mautner)
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