quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O ultimo cigarro

Está entre meus dedos nesse momento, apagado... É o ultimo do maço... Exito em ascendê-lo, tenho medo... Rodo-o lentamente entre meus dedos e no ar, rodo-o em todas as direções, com medo de tomar a atitude decisiva... É a ultima chance, tenho que me decidir, não posso deixar esse momento escapar de meus dedos por medo de não ser a hora certa.

Observo a palma da minha mão e ela não me diz nada... A única certeza em meu futuro são os dedos amarelados e meu instinto autodestrutivo. De qualquer forma, terei que ascender, o maço vermelho já está brilhando no fundo da lixeira e o único lugar que posso te guardar é em meu peito.

A chama inicial parece, por alguns segundos, ser lenta, mas depois da primeira baforada começa a queimar rápido... muito rápido... rápido até demais... Estava certo, ainda não era o momento... mas e agora? Cada segundo que passa estou mais distante do que fui e mais próximo ao que não sei quem sou. A cada instante estou mais perdido nessa fumaça escura e estranha que transformei minha vida. A única luz que vejo é a ponta que queima lentamente em direção ao fim. A chama que se aproxima rápido demais de meus lábios.

Eu sou o fim e este é meu ultimo cigarro. Estou perdido. Como sair dessa solidão se não há mais nenhuma mão envolta da minha? Minha mão não me diz mais nada, meu futuro é incerto, meu olhar confuso e meu peito apertado.

Não posso mais tossir. Não posso mais chorar. Preciso de você, mas te destruí, te queimei completamente e agora tudo que tenho é a fumaça de nossa felicidade. Ainda preciso desse cigarro que queima rápido demais e me destrói lentamente. Meu peito está vazio, como a fumaça que me rodeia. Minhas mãos estão vazias. Minha vida está vazia... E este ainda é meu ultimo cigarro.



Rio de Janeiro, meu banco de madeira, 14 de Agosto de 2012.

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